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Hipermercados aumentam na caixa os preços de etiqueta

Arquivo/Global Imagens

A Autoridade de Segurança Alimentar e Económica (ASAE) apanhou vários hipermercados a cobrar na caixa preços mais elevados do que aqueles que têm nas prateleiras e publicitam no estabelecimento.

Já abriu pelo menos cinco processos para multar os retalhistas, tendo esta situação sido detetada no Sul, Centro e Norte do país, explicou ao JN o inspetor-geral, Pedro Portugal Gaspar.

As inconformidades legais foram encontradas numa operação mais alargada junto de grandes superfícies e supermercados, que visa sobretudo apurar se há aumento especulativo de preços e em que momento da cadeia de valor. Já envolveu, em dois dias, mais de uma centena de retalhistas de todo o país, segundo o inspetor-geral da ASAE.

Quanto aos processos levantados por esta autoridade para aplicação de sanções pecuniárias, após verificada a cobrança em caixa mais elevada face aos preços que exibem nas lojas, Pedro Portugal Gaspar explicou haver mais casos no Sul e no Centro do que no Norte. Avançou que todos eles reportam a grandes superfícies.

Falta análise detalhada

A ASAE irá analisar as causas deste aumento, desde logo se houve efetivamente uma especulação dos preços ou algum erro técnico.

Deste modo, quando o Governo espera pela investigação sobre eventuais ganhos excessivos dos retalhistas, a ASAE centra agora a sua análise nas grandes superfícies e supermercados para averiguar se existe, de facto, aumentos dentro da cadeia de valor e se configuram especulação.

Questionado pelo JN sobre conclusões já retiradas perante estes aumentos, o inspetor-geral ressalvou que ainda não é possível adiantar resultados. "Haverá uma análise detalhada" e "documental", explicou o responsável pela segurança alimentar e económica. Essa análise da ASAE visa apurar as razões para as subidas mais acentuadas no preço dos produtos e "em que momento da cadeia de valor" acontecem. Pedro Portugal Gaspar admitiu, a título de exemplo, que podem incidir no custo inicial das matérias-primas.

A propósito da operação desta semana, que pode durar dois dias ou mais, o inspetor-geral da ASAE recordou que esta autoridade tem feito a monitorização do mercado ao longo dos últimos meses para acompanhar os preços dos cabazes, que têm sofrido oscilações.

"Já vinha de trás"

Aquele processo "já vinha de trás, com a covid-19", sublinhou ainda ao JN. Agora, partindo da informação já recolhida nos últimos meses, a nova operação junto dos retalhistas servirá de base para uma análise mais aprofundada dos preços praticados nos hipermercados e supermercados.

Pedro Portugal Gaspar destacou também a monitorização relativamente aos postos de abastecimento de gasóleo e gasolina, recordando as práticas especulativas que foram detetadas. Houve situações em que já estava a ser cobrado combustível antes de os clientes começarem a abastecer.

Carla Soares