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Lanternas, rosas brancas e lágrimas: Milão despede-se de Giorgio Armani

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Amigos, fãs e figuras públicas recordam a vida e a obra do "rei" da moda num tributo emocionante. Velório continua hoje no Armani Teatro, seguindo-se amanhã o funeral privado.

Luto Milão vive, este fim de semana, um dos momentos mais emotivos da moda: a despedida de Giorgio Armani, falecido na quinta-feira, aos 91 anos. O velório decorre no Armani Teatro, na Via Bergognone, aberto ao público entre as 9 e as 18 horas.

O caixão, fechado conforme a vontade do próprio, chegou ontem pouco depois das 8 horas e foi recebido com aplausos pelas centenas de pessoas que já aguardavam. Sobre ele repousa um arranjo de rosas brancas. Lanternas iluminam a sala, dispostas de forma magistral, enquanto ao fundo se destaca uma grande fotografia de Armani no final de um desfile e a frase por si escrita: "O sinal que espero deixar é feito de empenho, respeito e atenção às pessoas e à realidade. É daí que tudo começa." A música de Ludovico Einaudi completa o ambiente, numa homenagem que arrepia pela beleza que transmite.


Recordações e emoção

Entre os anónimos que prestaram tributo, Eleonora Cervellera, italiana a viver no Dubai, destacou ao JN o impacto de Armani: "Ele é um ícone, não apenas da moda. Mudou a forma de desenhar roupas e a forma como a mulher se apresentava, introduzindo uma nova liderança feminina. Exportou a qualidade italiana de forma única, não só na moda, mas também na arquitetura, hotelaria e gastronomia. Entrar nesta sala foi profundamente emocionante: classe e suavidade raras. Chamamo-lo de rei porque inspirou e respeitou todos, não apenas os VIP."

A milanesa Matilde Guglielmetti resumiu a ligação da cidade ao estilista: "Viemos celebrar este homem que fez a história da moda e da beleza no mundo. O Armani faz parte da história da nossa vida, também do desporto e do basquetebol."

Na fila, a jovem romena Katerina Fogoros, estudante de Ciência Política na Universidade Bocconi, também não quis faltar. "É histórico. Estar em Milão e faltar a este momento seria imperdoável. É o mínimo que podemos fazer para reconhecer o impacto de Armani na indústria da moda. Estou curiosa para ver quem vai continuar a desenhar para a marca e quem será escolhido como diretor criativo", partilhou.

Presenças marcantes

Entre os primeiros a chegar estiveram John Elkann, presidente da Fiat e herdeiro da família Agnelli, Gianni Petrucci, antigo líder do Comité Olímpico Italiano, Ettore Messina, treinador de basquetebol, bem como o presidente da Câmara de Milão, Giuseppe Sala, e o ator Beppe Fiorello. Sala recordou: "Por trás de uma imagem às vezes fria, Armani era um homem de calor humano extraordinário. Milão está cheia de lugares que o lembram - será impossível esquecê-lo."

A estilista Donatella Versace chegou pouco depois das 11 horas, vestida de preto e de óculos escuros, com um ramo de flores brancas. A modelo Valeria Mazza também marcou presença.

Em reportagem, jornalista espanhola Arabella Otero, da Telecinco, em conversa com o JN, comentou as figuras públicas que estiveram no velório, sem esconder o orgulho por testemunhar o momento. "Para mim, estar aqui é muito bonito. Giorgio Armani deixa um legado que permanecerá na memória de todos, não só pelo império que construiu, mas por tudo o que nos deixou nestes anos de moda", confidenciou.

Um legado que permanece

Milão despede-se de Giorgio Armani com uma mistura de homenagem, gratidão e emoção. O funeral será privado amanhã, na presença apenas cerca de vinte pessoas, possivelmente na Villa Rosa, em Broni, refúgio do estilista. Durante a cerimónia, todas as lojas Armani permanecerão fechadas, mas o museu está aberto e com entrada gratuita para todos.

Mais do que uma marca ou uma fortuna, Giorgio Armani deixa um legado de elegância, humanismo e inspiração - um exemplo de dedicação e criatividade que continuará a influenciar criadores, artistas e cidadãos em todo o mundo.

Sara Oliveira