Afastado da vida pública desde 2019, o ainda Duque de Iorque anunciou que deixará de usar os seus títulos e honras reais, numa decisão acordada com o irmão, o rei Carlos III. O afastamento definitivo do príncipe André surge após anos de escrutínio devido à sua ligação ao caso Epstein.
O príncipe André anunciou, esta sexta-feira, que deixará de usar todos os títulos e honras reais, incluindo o de Duque de Iorque. A decisão, tomada "em acordo com o Rei e a família alargada", foi tornada pública através de um comunicado divulgado ao final da tarde.
O irmão mais novo do rei Carlos III, de 65 anos, afirma que chegou o momento de dar "mais um passo" no seu afastamento da vida pública, iniciado há cinco anos. "Concluímos que as acusações que continuam a ser feitas contra mim distraem o trabalho de Sua Majestade e da Família Real", escreveu, acrescentando que pretende "colocar o dever para com a família e o país em primeiro lugar".
"Com o acordo de Sua Majestade, sinto que devo agora ir mais longe. Não voltarei, por isso, a usar o meu título ou as honras que me foram atribuídas", declarou o príncipe, reafirmando que "nega vigorosamente todas as acusações" relacionadas com o caso Epstein.
Um desfecho inevitável
A decisão marca o ponto mais baixo de uma queda em desgraça iniciada em 2019, quando André se retirou das funções oficiais após uma entrevista à BBC amplamente criticada. Nessa ocasião, tentou justificar a sua amizade com o milionário norte-americano Jeffrey Epstein, condenado por crimes sexuais, e negou as acusações de abuso apresentadas por Virginia Giuffre, que mais tarde intentou uma ação judicial nos Estados Unidos.
O processo terminou com um acordo extrajudicial de valor nunca revelado, alegadamente financiado em parte pela rainha Isabel II. O caso, no entanto, continuou a ensombrar o nome de André e a gerar constrangimento dentro da Casa Real britânica.
O Palácio de Buckingham confirmou que o rei "acolheu favoravelmente" a decisão do irmão, considerando-a "necessária" para proteger a instituição de novos danos reputacionais. "Foi uma escolha feita em estreita coordenação com o Rei, que está satisfeito com o desfecho", revelou uma fonte próxima da família.
André deixará de usar as distinções da Ordem da Jarreteira e da Ordem Real Vitoriana. O título de Duque de Iorque, que só poderia ser formalmente retirado através de uma lei aprovada no Parlamento britânico, continuará a existir, mas o príncipe comprometeu-se a não o usar.
As suas filhas, as princesas Beatrice e Eugenie, manterão os respetivos títulos e continuarão a representar a família em ocasiões privadas.
Depois de décadas marcado pela pompa e pelo prestígio da vida real, o príncipe André vê-se agora reduzido ao silêncio e à sombra.