Virginia Giuffre sobre príncipe André: "Acreditava que fazer sexo comigo era seu direito de nascença"
Virginia Giuffre, que morreu em abril deste ano, alegou, no seu livro de memórias, que o príncipe André era "arrogante" e "acreditava que fazer sexo comigo era seu direito de nascença".
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O livro póstumo "Nobody's Girl: A Memoir of Surviving Abuse and Fighting for Justice" é o testemunho de Giuffre, que se suicidou na Austrália em abril, no qual detalha os supostos encontros sexuais com o duque de Iorque quando tinha 17 anos. Além disso, descreve a manipulação por Jeffrey Epstein, que se suicidou enquanto aguardava julgamento por acusações de tráfico sexual, e Ghislaine Maxwell, detida por recrutar jovens para Epstein.
Segundo excertos divulgados pelo "The Guardian" e o "The Times", Virginia Giuffre foi apresentada a André em março de 2001, enquanto estava hospedada na casa de Maxwell, perto do Hyde Park, em Londres. "Maxwell acordou-me naquela manhã anunciando com uma voz melodiosa: 'Levanta-te, dorminhoca!'. Ia ser um dia especial, disse ela. Assim como a Cinderela, eu conheceria um príncipe encantado!", lê-se.
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A mulher acrescentou que, quando conheceu André, o príncipe, na altura com 41 anos, supôs corretamente que ela tinha 17 anos e disse: "As minhas filhas são um pouco mais novas do que tu".
Giuffre também recordou, nas suas memórias, uma ida a uma discoteca com o duque de Iorque: "Era um dançarino desajeitado e lembro-me que suava muito". A alegação foi veementemente negada por André, que disse, numa entrevista em 2019, que sofria de uma condição que o impedia de suar.
Quando regressaram a casa, preparou um banho para André antes de fazerem sexo. "Ele foi simpático, mas ainda assim arrogante, como se acreditasse que fazer sexo comigo fosse seu direito de nascença", escreveu. "Nas minhas memórias, tudo durou menos de meia hora".
"Orgia" nas Ilhas Virgens Americanas
Segundo Giuffre, Epstein pagou-se 15 mil dólares (12,9 mil euros) para "atender o homem que os tabloides chamaram de 'Randy Andy'". O empresário chamava "Andy" ao príncipe André, segundo a mulher.
O livro de memórias inclui outros dois supostos encontros sexuais com o duque, incluindo um em Nova Iorque um mês depois e na ilha particular de Epstein nas Ilhas Virgens Americanas, quando tinha cerca de 18 anos. Este último foi descrito como uma "orgia" com "aproximadamente oito outras raparigas" que "pareciam ter menos de 18 anos".
Nas memórias, Giuffre revela ainda que tomava tranquilizantes para lidar com a vida a trabalhar para Epstein. "Às vezes, quando estava realmente com dificuldades, chegava a tomar oito Xanax por dia", escreveu.
A mulher explicou ainda porque é que não fugiu "do covil de Epstein mesmo depois de sabermos o que ele queria de nós". "Como se pode queixar de abusos, perguntaram alguns, quando poderia facilmente ter fugido? Mas esta postura desconsidera o que muitas de nós passámos antes de conhecer Epstein, bem como o quão bom ele era a identificar raparigas cujos ferimentos as tornavam vulneráveis. Várias de nós fomos molestadas ou violadas na infância, muitas de nós éramos pobres ou até mesmo sem-abrigo. Éramos raparigas com quem ninguém se preocupava e Epstein fingia que se preocupava", continuou.
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O príncipe André nega todas as acusações. "Posso afirmar categoricamente que isso nunca aconteceu. Não me lembro de ter conhecido essa senhora, absolutamente nenhuma", afirmou, numa entrevista em 2019, acrescentando que o suposto encontro em 2001 não aconteceu porque passou o dia com a filha, a princesa Beatrice, levando-a ao Pizza Express em Woking para uma festa.
Em 2022, o duque e Giuffre fizeram um acordo extrajudicial na ação civil de agressão sexual.
Afastamentos por relações com Epstein
Em setembro, foi noticiado que a ex-mulher de André tinha chamado Epstein de "amigo supremo" num e-mail. Sarah Ferguson, duquesa de Iorque, escreveu um pedido de desculpas ao agressor sexual por tê-lo renegado nos média. Segundo o porta-voz, a mensagem foi escrita porque o empresário ameaçou processá-la por difamação. Após as notícias, a duquesa foi demitida de várias instituições de caridade das quais era patrocinadora.
Peter Mandelson também foi demitido recentemente pelo primeiro-ministro britânico Keir Starmer depois de ter sido descoberto que o embaixador britânico nos EUA também havia enviado mensagens a Epstein, chamando-o de "melhor amigo", depois de ter sido preso.