Evasões

Os pinguins estão de regresso ao Oceanário de Lisboa, com um habitat ainda mais realista

No novo habitat dos pinguins do Oceanário em Lisboa vivem 29 animais. Foto: Rita Chantre

A colónia de pinguins-de-magalhães regressou ao seu habitat, após uma renovação que o tornou mais estimulante e realista - quer para eles, quer para os visitantes do Oceanário de Lisboa. Sensibilizar para ajudar a conservar a natureza continua a ser o lema

A adaptação dos pinguins-de-magalhães à nova casa, estreada em agosto, tem sido "muito rápida", conta à Evasões Hugo Batista, curador e diretor de biologia e conservação do Oceanário de Lisboa. E agora que "mudaram do casaco de verão para o de inverno" - refere, em tom de brincadeira, sobre a muda da pena que os mantém impermeáveis e termicamente confortáveis, e que os faz ficar mais quietos e comer menos -, os 29 pinguins têm-se mostrado mais ativos. Vivem na companhia de andorinhas-do-mar-inca, tubarões-gato-listrado e peixes.

Esta fase, que integra o "ciclo anual muito rigoroso" típico da espécie, é influenciada pelas mudanças naturais de temperatura e de luz, que os próprios pinguins conseguem sentir graças à climatização e à oscilação do ângulo do sol através dos vidros que cobrem o espaço. Outro dos sinais da adaptação bem-sucedida foi a nidificação já feita nos 17 novos ninhos. Além de serem monogâmicos, os pinguins revezam-se na alimentação dos pintos, que após oito a dez semanas aprendem a nadar e a comer da mão, com a ajuda dos aquaristas.

No Oceanário, os pinguins batizados em honra do navegador português Fernão de Magalhães comem diariamente até 3,5 quilos de capelim, arenque e sprat, diretamente da mão de um aquarista, para a equipa perceber se algum deles mostra mudanças de comportamento. Como engolem sem mastigar, ingerem também cápsulas vitamínicas dadas como suplementação. O momento suscita a atenção do público, debruçado sobre o corrimão de vidro, e torna-se ainda mais cativante quando mergulham para comer debaixo de água, com bastante vitalidade.

O habitat, inserido no núcleo Oceano do Sul (que agrega vários territórios e espécies), tem dois níveis. No primeiro piso, oferece uma versão condensada das nuances da costa subantártica, com uma zona mais gelada à esquerda, formada por estalactites, uma cascata e, em breve, gelo que os visitantes poderão sentir ao toque. A meio, surge uma elevação com uma cascata mais pequena, e à direita uma "zona mais temperada, com vegetação e bancos de lama", descreve Miguel Tiago de Oliveira, diretor de engenharia, operações e qualidade do Oceanário.

A remodelação do habitat - construído com betão estrutural e outros materiais duráveis - levou dez meses e envolveu dois arquitetos que participaram no projeto inicial do Oceanário, em 1995, o que permitiu "manter a filosofia original de aproximar as pessoas da natureza sem grandes barreiras arquitetónicas", conta Miguel Oliveira. Vinte e oito anos depois de ajudar a construir o habitat original, foi ele que geriu a remodelação e dirigiu as equipas técnicas, zelando pela funcionalidade do espaço e pelo bem-estar dos animais, pois também é biólogo.

Gozando de um cenário que pretende ser o mais realista possível, com diversificação de texturas e estímulos, os pinguins-de-magalhães ganharam mais área útil aquática e terrestre, além de ondas, graças a uma tecnologia que há 30 anos não existia. A partir do piso inferior, os visitantes conseguem acompanhar, através de quatro janelas, os mergulhos dos animais até 3,5 metros de profundidade, bem como as suas grandes rotações. "Fora de água têm um andar estranho, mas lá dentro são grandes nadadores", elogia Hugo Batista, diretor de biologia.

Oito mil animais, 500 espécies

O Oceanário de Lisboa, projetado pelo arquiteto Peter Chermayeff no âmbito da Expo"98, é um dos maiores do mundo. Alberga oito mil criaturas marinhas, de quase 500 espécies, sendo os pinguins, as lontras-marinhas e os tubarões as mais populares. O aquário central, que simula um oceano global, leva cinco milhões de litros de água e acolhe espécies de todo o Mundo, desde a Austrália ao Algarve, passando pelos habitats marinhos do Atlântico Norte, Antártico, Pacífico Temperado e Índico Tropical. A visita desenrola-se em dois níveis, terrestre e subaquático, e apela à importância da conservação dos oceanos. "Criar ligações, porque ninguém protege o que não conhece, é o primeiro passo para educar e conservar", reforça Roque Cunha Ferreira, CEO do Oceanário de Lisboa.

Exposição "Universo Submerso"

Paralelamente à mostra "Florestas submersas by Takashi Amano", o Oceanário apresenta, de forma prolongada, a exposição "Universo submerso", dando a possibilidadede conhecer um lugar "onde o oceano e o céu se espelham, criando uma ilusão que fascina e hipnotiza", lê-se na sinopse. Trata-se de uma experiência que revela "todos os elementos, desde o minúsculo plâncton às majestosas baleias". O projeto foi desenvolvido pelo Oceanário em articulação com o estúdio internacional LesAteliers BK, "especialista na combinação de arte e tecnologia para produzir instalações visuais com narrativas cativantes", e consiste numa sala com projeção em 360 graus que "une o rigor científico da representação da vida marinha e a abstração artística da imaginação", através de luzes e sons.

Visitas e experiências para todos

Nas atividades do serviço educativo, direcionadas para as escolas e para o público em geral e corporativo, tenta-se proporcionar uma ligação emocional entre os visitantes e a natureza. O equipamento oferece 25 visitas temáticas adaptadas aos currículos entre o pré-escolar e o secundário, explica Diogo Geraldes, diretor de Educação, e vai até às escolas que a ele não consigam deslocar-se. Para o público em geral, tem concertos e sessões de "Fado miudinho" para bebés até aos quatro anos, e visitas baseadas no livro "A baleia", de BenjiDavies. Para famílias com crianças dos cinco aos dez anos sugere-se a visita guiada "Vasco e o mergulho no tempo". Também é possível visitar os bastidores do Oceanário, "dormir com os tubarões" e desafiar as famílias em jogos lúdicos.

Oceanário de Lisboa
Esplanada D. Carlos I, Parque das Nações
Tel.: 218 917 000
Web: oceanario.pt
Entrada desde 25 euros/pessoa, com acesso às exposições permanente e temporárias

André Rosa