O número de agressões a mães e pais perpetradas pelos filhos disparou nos últimos três anos. Contas feitas com base nos dados da Associação Portuguesa de Apoio à Vítima, todos os dias há, pelo menos, duas mães que se queixam de agressões feitas pelos ou pelos descendentes
Nos últimos três anos, a Associação Portuguesa de Apoio à Vítima (APAV) apoiou 2813 mães e pais que se queixaram de violência exercida pelos filhos. Em 2024, a entidade revelou que deu a mão a 1036 pessoas nestas circunstâncias, sendo a maioria das vítimas é do sexo feminino (79,7%). Contas feitas pelo JN/Delas, tal significa que são 826 mulheres nesta circunstância, ou seja, mais de duas mães que pediram ajuda e que foram auxiliadas pela entidade, por dia.
Na análise "Filhos/as que agridem Os Pais/As Mães", tornada pública esta segunda-feira, 20 de outubro, as mulheres mais expostas têm mais de 65 anos (mais de metade das queixas com 58,3%), sendo que a faixa etária abaixo já representa quase um terço (32,0%). Os agressores - podendo ser um ou mais filhos - são sobretudo do sexo masculino (69%), na sua maioria com idades compreendidas entre os 18 e os 65 anos (62,8%).
"Percebemos que, por exemplo, em 48% das situações não há apresentação de queixa, o que significa que, apesar de poder haver maior procura de apoio, ainda há muitas situações que se mantêm silenciadas no que toca à apresentação de queixa junto às autoridades", apontou a criminóloga da APAV em declarações à agência LUSA. Cynthia Silva crê que este aumento "pode significar que há mais vítimas a procurarem o apoio da APAV", o que é um "aspeto positivo", mas chamou a atenção para outra percentagem, a das pessoas que ficam em silêncio.