Na primeira reunião como presidente da Câmara de Gaia, esta segunda-feira à tarde, Luís Filipe Menezes anunciou a criação de um grupo de trabalho para encontrar soluções para o traçado do TGV no concelho, mas deixou de fora a Infraestruturas de Portugal (IP), porque, na sua opinião, a inclusão desta empresa do Estado "não iria trazer nada de novo ao debate". A proposta foi aprovada, com a abstenção do PS.
O grupo de trabalho conta com a Câmara Municipal, o consórcio construtor Avan Norte e as populações por onde passará o trajeto da alta velocidade, sendo que o grupo deverá apresentar uma ou mais soluções no espaço temporal de "um mês e meio".
"O caminho é sentar todas as partes à mesa: a Câmara Municipal, o consórcio e as populações atingidas pela passagem do comboio de alta velocidade, desde a entrada no concelho, em Grijo, até à saída no concelho, em Oliveira do Douro. Este grupo de trabalho irá conversar durante um mês e meio e no fim chegará a um consenso ou a duas soluções, cabendo depois à Câmara definir a sua posição", detalhou.
"Não vale a pena introduzir a IP neste processo. A IP lançou o concurso e neste momento não vinha ajudar nada, não traria nada de novo ao debate", justificou.
"Posso-lhe dizer que eu e o João Paulo Correia (PS) estamos de acordo quanto às questões essenciais em quase tudo", adiantou.
O PS optou pela abstenção, e para depois do grupo de trabalho apresentar uma solução, fazer o respetivo debate, mas estabeleceu, desde já, dois critérios, dos quais não vai abdicar: "Primeiro, que tenha o menor impacto territorial possível, no que respeita a armazéns e indústrias; segundo, que a estação em Gaia tenha ligação à rede de metro, pela Linha Amarela ou Linha Rubi".
Luís Filipe Menezes também anunciou que irá reunir-se com a empresa de Transportes Metropolitanos da Porto, para falar do serviço da rede de autocarros da Unir. "Provavelmente, a reunião será ainda esta semana", concretizou, definindo "até ao fim do ano" como o prazo para encontrar soluções.
Na Avenida da República, parte da ciclovia já foi retirada. A chuva impossibilitou, por agora, a retirada do que resta, mas essa promessa eleitoral também será cumprida. "Vai ser removida na totalidade. A avenida ficará com duas faixas de rodagem, uma dedicada ao Bus em determinadas horas do dia, das 8 às 10 horas, e depois no horário ao fim da tarde", revelou.
Mais polícia na rua
Sem cliclovia, e quanto aos carros ocuparem esse espaço, em segunda fila, em estacionamento abusivo, o autarca garantiu que a polícia está pronta para atuar.
"Fui eu que construí a avenida com este perfil, na minha presidência, e na altura não parava nenhum carro. Hoje, as ordens foram para a polícia municipal ser moderada nestes primeiros dias, mas a polícia municipal vai estar aqui. Não se para na Avenida da República, como não se pode parar na Avenida dos Aliados, no Porto. Haverá bom senso. Vamos ter áreas de cargas e descargas, para os comerciantes terem a sua vida normal. Somo pessoas sensatas, não somos radicais", disse.
Prosseguindo: "Das 8 da manhã às 20 horas, a polícia municipal terá meios para fiscalizar. Defendo que a polícia municipal deva ser retirada de tarefas administrativas. A polícia estava muito empenhada nessas missões. Temos meios (para a avenida), retirando os agentes das tarefas administrativas e colocando outro tipo de quadros da Câmara nessas tarefas".
"Vai continuar" o policiamento reforçado no Jardim do Morro, no Centro Histórico e na Vila d' Este. "É precisa mais iluminação pública no Morro. Está completamente às escuras, é importante animar o centro do jardim com uma cafetaria - é uma possibilidade - e a presença de pessoas. A presença da polícia já foi interessante, ajudou em alguns sentidos. Vamos precisar de uma grande colaboração da PSP para que seja uma segunda força - não é preciso polícia de choque - e ter presença, principalmente ao fim de semana, porque há determinado tipo de cidadãos que não se intimida mesmo com a polícia", observou.
Guerra à burocracia
"Há uma coisa a que esta Câmara não se vai subordinar: à burocracia tonta da Administração Central, que impeça, por exemplo, que um viaduto apresentado pelos técnicos há poucos dias, como o Adão da Fonseca - apresentaram por proposta de um empresário que é construtor na zona -, um viaduto para atravessar do Colégio dos Cedros para a Avenida Edgar Cardoso, que é importante para evitar que muito trânsito vá ao cruzamento da Ponte da Arrábida. O que iria desanuviar", antecipou.
"Não faz sentido que a IP obstaculize durante meses a construção de um viaduto deste género. Para coisas desse tipo vão ter uma guerra feia connosco. Seria um viaduto rodoviário para tirar o trânsito dos Jardins da Arrábida e o que vem da parte de baixo da Afurada, e que passaria rapidamente para a Via Edgar Cardoso até às Devesas", explicou.
"Essas pessoas que trabalham nesses institutos nunca vieram a Gaia, para elas Santo Ovídio é um ponto no Google Earth, dizem muita asneira e tomam decisões completamente tontas. Estaremos cá para chamar a atenção e o Governo manda", comentou.
Quanto a uma providência cautelar da MUBi, a contestar a retirada da ciclovia, afirmou: "Nunca tinha ouvido falar (MUBi). Ao longo destes meses ouvi milhares de pessoas a protestar e a dizerem que senhoras de idade caíram dos autocarros da Unir e partiram as pernas na Avenida da República. Ciclistas, zero! Apresentei isto no meu programa eleitoral, da próxima vez a MUBi que se apresente às eleições".
Ponte rodoviária é muito cara
Em relação a vir a ser o presidente da Associação Nacional de Municípios (ANMP), declarou: "Era um excelente presidente da minha associação de condomínios, se calhar não me tinham assaltado a casa. Essa matéria cabe aos líderes partidários, essa questão nunca me foi colocada".
O consórcio do TGV propõe não uma, mas duas pontes sobre rio Douro. Uma para o comboio e outra os carros. Luís Filipe Menezes discorda da proposta de localização da travessia rodoviária.
"Só depois do RECAPE (Relatório de Conformidade Ambiental do Projeto de Execução) tomar a sua decisão, é que podemos (com o Pedro Duarte, da Câmara do Porto) entrar na cena. Não tenho simpatia pela ponte rodoviária ali (Areinho), tenho simpatia, por exemplo, por uma ponte rodoviária no Candal, à cota média, que apresentei há 14 ou 16 anos, que unisse o Candal a D. Pedro V, no Porto. Posso ter simpatia por outras localizações mais próximas da Ponte D. Maria. É uma questão a discutir", afirmou, deixando o assunto em aberto.
"A principal razão pela qual não tenho simpatia, é que foi consensualizada a ponte errada, se tivesse sido a uma cota mais alta, a ligar à VCI de Gaia, poderia eventualmente aceitar. Agora não. Custa 20 milhões de euros trazer a ponte da cota baixa ate à VCI, e não temos 20 milhões para isso. É incomportável para o orçamento municipal", sublinhou.
Também para os acessos a uma estação do TGV em Vilar do Paraíso, em alternativa a Santo Ovídio, o município não tem dinheiro: "Toda a estação tem que ter metro, estacionamento em quantidade e acessibilidades fáceis, e nunca suportadas pela Câmara".