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Há 30 anos, cinco meses depois do 25 de Abril, Portugal vivia em pleno as contradições do processo revolucionário. Os militares no Poder estavam divididos, os partidos conquistavam nas ruas o espaço político e a crise económica era real. O general António de Spínola ocupava a Presidência da República e o general Vasco Gonçalves chefiava o Governo.
A corrente "spinolista" apostava num reforço de poder no interior do Movimento das Forças Armadas (MFA), o que era considerado pelos militatares grupo maioritário uma forma de fazer abortar o projecto de instituir uma democracia constitucional, prevista no programa dos capitães.
As movimentações spinolistas acabariam por ser aniquiladas e Spínola seria substituido pelo general Francisco da Costa Gomes na chefia do Estado. Vasco Gonçalves voltaria a ser nomeado primeiro-ministro.
Na opinião de Vasco Lourenço, o actual presidente da Associação 25 de Abril, que na época estava na comissão coordenadora do MFA, "o 28 de Setembro foi uma tentativa de Spínola e do seu grupo de alterar o programa do 25 de Abril, que era o de uma democracia aberta e não musculada, como os sipnolistas pretendiam".
Ao recordar os episódios de há 30 anos, o militar admite que "houve, nessa altura, momentos muito complicados", próximos de um conflito armado entre facções.
m Emória A 28 de Setembro de 1974, foi afastada do poder a chamada "ala spinolista" do MFA
Cronologia
26/9/1974
Surgem cartazes de uma manifestação no dia 28 da Maioria Silenciosa.
27/9/1974
MFA alerta para a existência de uma conspiração por detrás da manifestação.
28/9/1974
COPCOM e populares erguem barricadas contra a "reacção".
30/9/1974
Costa Gomes substitui Spínola na Presidência.