Corpo do artigo
Uma dezena de burros, duas galeras e cerca de 30 figurantes recriaram ontem, num passeio pelas ruas de Almada, uma tradição do século passado, quando Cacilhas era conhecida como a universidade dos burros.
As chamadas burricadas "remontam aos anos 30, quando os lisboetas vinham até esta margem e os burros os conduziam até às quintas de Almada e à Cova da Piedade", explicou, ao JN, António Malta, da Associação Amigos da Cidade de Almada (AACA).
"Gosto muito destas paródias e tenho pena que seja só uma vez por ano", conta Deonilde Rosado, uma septuagenária vestida de turista. Também em cima de um burro, a "princesa" Joana Coelho queixava-se do calor. "Isto é giro. O mais complicado é o sol, porque os fatos são muito quentes", referia a jovem, de 15 anos. "Não vou no burro, porque tenho medo", confessou Rosa Daniel, de 70 anos, que enquanto saloia ofereceu queques e bolachas pelo caminho.
Para os transeuntes, as burricadas são sempre bem-vindas. "Ainda me lembro da minha mãe falar dos burros de Cacilhas", afirma Noémia Silva, de 65 anos. "É bom que continuemos com estas iniciativas", acrescenta, lamentando que tenham faltado os alforges que ladeavam os burros e os leiteiros. O cortejo matinal de cerca de três quilómetros começou no Largo de Cacilhas e terminou no Largo 5 de Outubro, na Cova da Piedade, passando pelas ruas de Almada Velha.
Realizada pela terceira vez, a recriação contou com a participação de elementos da AACA, da Associação Manuel da Fonseca, da Sociedade Incrível Almadense e dos bombeiros de Cacilhas, num total de 100 pessoas. A iniciativa teve o apoio da Câmara de Almada.