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Um "romance-em-cena" é como o encenador brasileiro Aderbal Freire-Filho define a transposição que fez para o palco de "O que diz Molero", do português Dinis Machado.
A peça pode ser vista, até 4 de Fevereiro, na sala Garrett do Teatro Nacional D. Maria II (TNDMII). E em palco surge o texto original do livro que em Portugal já vendeu mais de 100 mil exemplares.
Aderbal Freire-Filho tornou-se conhecido no Brasil por fazer transposições directas de obras literárias à cena sem alterar um milímetro do texto. Na sua leitura dramatúrgica de "O que diz Molero", o criador limitou-se a cortar algumas partes da obra. O método poderá parecer estranho mas o encenador garante que nada há de mais simples.
Foi por acaso que Aderbal Freire-Filho descobriu o livro de Dinis Machado. Tudo aconteceu em 1974 numa das suas rondas pelas livrarias do Rio de Janeiro. Folheou a obra e achou logo o texto "curiosíssimo" e por isso sentiu-se determinado em levá-lo à cena. Mas só em 2004 conseguiu realizar este desejo.
O resultado foi ter assinado um espectáculo que esteve quatro anos em cartaz no Brasil e que recebeu alguns dos galardões mais importantes do panorama teatral brasileiro (Prémios Shell e da Associação Paulista de Críticos).
Em cena, encontraremos personagens bem nossas conhecidas além de Austin e Mister Deluxe, os empregados de uma sinistra organização que encomenda a Molero um relatório completo sobre a vida do Rapaz, estarão em palco a Pequena Mireille, o Roque Sacristão, o Peida Gadocha, o Zuca e os habitantes típicos de um bairro lisboeta castiço, que tão profundamente afectam a vida do Rapaz.
O espaço cénico da peça tem a assinatura de José Manuel Castanheira que actualmente integra a direcção do TNDMII.