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A notícia da compra da falida Sociedade de Tecidos da Cuca, por parte do empresário Vítor Magalhães, encheu de esperança os ex-trabalhadores daquela empresa de Moreira de Cónegos, que esperam uma nova oportunidade no mercado de trabalho.
Cerca de três anos depois do encerramento, a maioria dos 120 ex-trabalhadores continua sem emprego. "Para muitos já acabou o subsídio, os casais mais novos acabaram por emigrar para Espanha, Suíça, e muito poucos conseguiram novo emprego". O retrato é feito por Marco Silva, ex-funcionário, o homem que guarda as instalações da empresa falida, a pedido do liquidatário judicial. A venda em leilão da Sociedade de Tecidos da Cuca ao empresário Vítor Magalhães, por 3,5 milhões, na sexta-feira passada, trouxe aos trabalhadores a esperança de vir a receber pelo menos uma parte das indemnizações. "Não dá para pagar a totalidade da dívida, cerca de quatro milhões, mas já é alguma coisa", afirma Marco Silva, enquanto aguarda por mais informação sobre o destino que será dado às instalações da empresa. "Para já, ainda ninguém sabe se vão pôr tudo a funcionar ou só uma parte e em que ramo. Lá dentro, há muitas máquinas novas mas não sabemos se o senhor Vítor Magalhães vai continuar a fazer o que fazíamos, gangas", diz.
O empresário de Moreira de Cónegos também ainda não decidiu o que vai fazer naquele parque industrial. "Para já a única coisa que garanto é que não tenho nenhum projecto imobiliário. Tenho muitos terrenos em Moreira, pelo que, se pretender investir em projectos imobiliários não tenho necessidade de recorrer àquele", assegurou, ao JN.
Alargar a cama
Magalhães justifica, então, o que levou a apresentar-se em leilão "Nós, empresários, quando começamos a sentir que a cama começa a ficar estreita, a primeira coisa que temos de fazer é arranjar um espaço, para que quando tiver de comprar uma mais larga já o ter. Já tenho o espaço, também já tenho algumas ideias, mas tenho ouvido os jovens que me acompanham, um deles o meu filho. Tenho assumido o papel de amigo mais velho", conta.
Vítor Magalhães admite, porém, vir a criar pequenas empresas ligadas ao grupo que detém. "Se assim for, serão várias empresas de vários ramos. Pode até passar pela formação, através da criação de uma escola. O que me preocupa são os meus filhos e os dos outros, porque, atendendo à crise que se instalou e para a qual ainda não há uma luz ao fundo do túnel no Vale do Ave, e onde continua a haver muitas empresas com graves problemas, vamos tentar que a juventude tenha hipótese em Portugal", disse.
Razões sentimentais terão ainda contribuído para que Vítor Magalhães entrasse na corrida pela compra da Sociedade de Tecidos da Cuca "Um dos fundadores foi o meu avô".