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Pedras de calçada soltas e à mão de semear no pátio, infiltrações no edifício, sanitários entupidos, paredes de salas de aula esburacadas estão entre o cenário que professores e pais da Escola Básica nº 113, situada na Alameda da Encarnação, em Lisboa, contestam há mais de 14 anos, mas cujas obras vêm sendo sucessivamente adiadas.
Ontem, na sequência de uma visita promovida por Manuel Maria Carrilho, candidato PS à autarquia, a Câmara anunciou em comunicado o fecho para obras do estabelecimento de ensino, a partir do final do mês, e a intenção de iniciar o diálogo com os encarregados de educação para a transferência de alunos.
De acordo com Dulce Rosa, coordenadora da escola, há 14 anos que a Câmara promete obras em todo o estabelecimento. E não é por falta de espaço, garante. "Poucas escolas podem gabar-se de ter um recreio tão grande", reforçaram os encarregados de educação.
Aos pontos negros atrás referidos junta-se a ausência de papel higiénico e de sabonetes, nas casas de banho, e de um ginásio para a prática de Educação Física. A ginástica é feita a um canto do refeitório. O papel higiénico tem de ser pedido a professores ou auxiliares.
Segundo a Câmara, o actual cenário vai mudar. A empreitada de reabilitação encontra-se em fase de elaboração dos projectos de especialidade e os arranjos exteriores estão programados para o Verão. Helena Lopes da Costa, vereadora responsável pelo pelouro da Educação, sublinhou ainda o de-senvolvimento de projectos na cozinha para a confecção das refeições no local e rejeitou as acusações de que o piso do parque de recreio - instalado por privados ao abrigo do projecto "Mãos à Obra" - não cumpre a legislação. A areia ali colocada pela Câmara é, para os pais, uma má opção. Perguntam por que não foi instalado o piso de borracha oferecido por privados.
A transferência de alunos da Escola Básica, dotada de jardim-de-infância, promete gerar polémica. A Câmara pretende instalar as crianças em escolas do mesmo Agrupamento, mas os encarregados de educação e o presidente da Junta de Freguesia de Santa Maria dos Olivais garantem que estas unidades estão sobrelotadas. Defendem, em alternativa, que os alunos sejam deslocados para o Quartel do Ralis, onde "há espaço, refeitório, ginásio e condições de segurança", como se fez, recentemente, em Abrantes.
Carrilho confessou-se "preocupado" com as condições da Escola Básica, acusando a Câmara de negligenciar a educação. Sublinhou que a visita - integrada no tema de arranque das jornadas "Um Projecto para Lisboa" - "é um sinal" da sua atenção para as questões da infância. "Vamos assumir para Lisboa o compromisso de tornar as escolas da capital modelares no país", disse o candidato, que promete assumir esta área como uma das suas principais prioridades.
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Incerteza quanto ao arranque das obras e transferência de alunos preocupam pais e corpo docente
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alunos frequentam a Escola Básica nº 113, situada na Alameda da Encarnação. Abre às 8 horas, numa antecipação de horário da responsabilidade da Associação de Pais. Das 15.30 às 18.30 horas, tem ATL, por iniciativa da Junta.
60 crianças distribuídas por três salas frequentam o pré-escolar, com duas educadoras e quatro auxiliares.
Governação da Câmara "é errática"
Manuel Maria Carrilho, candidato à Câmara de Lisboa pelo PS, classificou, ontem, a actual gestão camarária de Lisboa como "errática, inconsequente e pouco fundamentada".
Segundo o candidato PS, a cidade não se reconhece na resolução de nenhum dos grandes problemas. Deu como exemplo os projectos de construção de uma piscina por cada bairro, silos para o estacionamento, solução dos problemas de trânsito e a reabilitação do Parque Mayer.
Referiu-se ao túnel do Marquês como "um capricho" de Santana Lopes, uma obra que poderá parar, se vencer as eleições, dependendo da forma em que se encontrar a execução dos trabalhos.
Carrilho mostrou-se confiante numa maioria absoluta, alegando que não está a ser demasiado ambicioso ao elevar tão alto a fasquia. "Não há eleitorado de ninguém. A cidade precisa de uma maioria robusta, para que se resolvam os seus principais problemas", disse. "O Partido Socialista tem, neste momento, pessoas, ideias, projectos e apoios. Há um crescendo de mobilização", rematou Carrilho.