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Alexandra Lopes
Só o empenho do presidente da Câmara de Famalicão poderá evitar o encerramento da delegação da Escola Profissional Bento de Jesus Caraça, em Delães, Vila Nova de Famalicão. A direcção da escola profissional garantiu ao JN, o desfecho fatal, devido às más condições financeiras e pior estado das instalações. O ciclo de formação dos alunos que actualmente frequentam a delegação de Delães está garantido, contudo não foram abertas inscrições para novas turmas.
"Inicialmente estava definido que seria encerrada no final deste ano lectivo, mas tudo indica que não será possível, porque não houve condições de encontrar outra escola para receber os nossos alunos", explicou Maria Emília Leite, directora-geral da Bento de Jesus Caraça. E adiantou "O princípio da Bento de Jesus Caraça é salvaguardar a conclusão do ciclo de formação. A estratégia passaria por encontrar uma escola que garantisse o ciclo formativo dos alunos, mas em Delães não foi possível, por isso não vamos abrir turmas, mas vamos garantir a conclusão do ciclo formativo".
Ontem, Armindo Costa revelava a novidade "Está em causa o meu interesse e o meu empenhamento em a escola não fechar. Tenho encontro marcado em Lisboa no dia 18, com Carvalho da Silva, para começarmos a ver a possibilidade da Câmara se envolver num projecto que mantenha a escola a funcionar. A Câmara poderá dar instalações, uma vez que temos o Centro e Saúde de Delães que vai ficar livre dentro de pouco tempo e, antes disso vamos ter a escola de Pedome que vai ficar livre". Armindo destacou: "tínhamos necessidade de manter uma escola na zona nascente do concelho e vamos fazer tudo para que isso aconteça."
De acordo com a directora-geral, a decisão de encerrar a delegação de Delães advém de um processo antigo, quando o modelo de financiamento das escolas de Lisboa e Vale do Tejo foi alterado pelo então ministro da Educação, David Justino. Segundo a responsável, o ministro havia falado na possibilidade de alargar o modelo às restantes escolas do país. Para Maria Emília este modelo de financiamento é "inadequado" e levou a que a escola tivesse de cobrar propinas, porque "as bolsas não cobriam as despesas".
Neste cenário, a escola "fez projecções" para o futuro e verificou que não tinha hipóteses de se manter em funcionamento com o referido modelo de financiamento. "Pela sua pequena dimensão e pelas características dos jovens, que frequentam Delães, onde grande parte está a estudar porque são financiados, não havia viabilidade e por prevenção decidiu proceder ao encerramento", atentou Maria Emília Leite.
Além disso, a directora aponta que "as instalações não são as mais adequadas" e não têm capacidade de resolver o problema", diz. "Em 16 anos de escolas profissionais é estranho que ainda não tenha sido definido um modelo claro de financiamento", atira a directora-geral, acrescentando que a decisão foi tomada de acordo com as projecções, acrescentando que ainda não sabem quais as alterações que este Governo vai introduzir. Pois, apesar do modelo implantado por David Justino já ter sido revogado, a escola ainda desconhece o valor do financiamento, o que dificulta o planeamento dos próximos anos lectivos.
Maria Emília Leite afirma que não tiveram "por parte da Direcção Regional de Educação do Norte grande apoio, ao contrário do que aconteceu em Sines", referindo-se ao encontro de instituições alternativas para que os alunos concluíssem a sua formação.
Números
4
turmas frequentam, actualmente a delegação de Delães da Escola Profissional Bento Jesus Caraça, distribuídos pelos cursos de técnico de gestão de informática e técnico multimédia. 74
alunos constituem o quadro discente da escola de Delães acompanhada por 15 professores e três funcionários 700 alunos fazem a sua formação na Escola Profissional Bento de Jesus Caraça, distribuídos pelas oito delegações que existem espalhadas pelo país
Oito pólos ainda a funcionar
O ano passado, a delegação da Escola Bento Jesus Caraça encerrou em Setúbal, sendo que no final do ano lectivo a delegação de Sines encerrará também. Actualmente, a instituição conta com oito escolas distribuídas pelo país - Beja, Barreiro, Mértola, Lisboa, Porto, Seixal, Sines e Delães- frequentadas por cerca de 700 alunos. A Escola Bento de Jesus Caraça nasceu há 16 anos, através da celebração de um contrato-programa entre o Ministério da Educação e a Confederação Geral dos Trabalhadores Portugueses- Intersindical Nacional (CGTP-IN).