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Os empresários com unidades de cogeração estão apreensivos com a alegada intenção do Governo de impor o encerramento das co-gerações a fuel que não sejam reconvertidas a gás natural até 2010. Temem que a decisão, decorrente da transposição de uma norma europeia, ponha em causa a competitividade das indústrias nacionais. Um dos sectores mais afectados é o do têxtil, que tem 35 empresas com cogeração em todo o país, a maioria localizadas no Vale do Ave, além dos ramos da cerâmica, alimentar e dos cimentos, grandes consumidoras de energia térmica e que apostaram na cogeração, beneficiando do fornecimento de energia eléctrica, vapor e água quente a preços competitivos.
"O que estava previsto como proposta de lei era extremamente penalizador. Pensamos que a transposição da directiva comunitária para a legislação portuguesa não obriga a que assim seja", disse Almeida Santos, administrador da Somelos e um dos industriais que tem liderado o processo. O responsável explica que o fim das co-gerações a fuel, como constava da primeira proposta, "criava problemas de competitividade às empresas e punha em causa a sua continuidade, com custos para o país, que além de ver as empresas a fechar, via-se obrigado a importar mais energia eléctrica para produzir a térmica". A co-geração é tida como a forma mais eficiente de produzir energia - consiste na produção simultânea de energia térmica e eléctrica a partir de um combustível convencional. As primeiras unidades foram instaladas nos anos 90, com investimentos por unidade de 900 mil contos. O assunto tem sido discutido entre a Cogene, a associação das empresas de cogeração, e a Direcção- Geral de Energia. "Pensamos que o Governo será sensível, senão a todas, pelo menos a boa parte das nossas preocupações", disse Almeida Santos.
Liliana Costa