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E
hrich Weiss, ou melhor, Ehrich Weisz, ou melhor, Harry Houdini - o maior escapista de que há memória - afinal também foi espião. Pelo menos, é essa a grande revelação feita no livro "The secret life of Houdini the making of America's first superhero", recentemente editado nos Estados Unidos, em que também há referências à suposta trama que levou à sua morte, a 31 de Outubro de 1926, dia de Halloween.
O livro, da autoria de William Kalush e Larry Sloman, sugere que Houdini usava as suas digressões para encobrir acções de espionagem, tanto a favor da Scotland Yard como dos serviços secretos norte-americanos. Esses contactos clandestinos ter-se-ão arrastado durante anos o escapista informava sobre tudo o que via durante as viagens à volta do mundo e, em troca, via a sua carreira promovida em termos internacionais. No entanto, nenhuma das referidas entidades confirmou a veracidade desses factos.
Os autores do livro dedicaram alguns anos a consultar 700 mil documentos, entre os quais constava o diário de William Melville, o primeiro chefe do serviço secreto britânico (antecessor do MI5). Nesse diário constam numerosas referências ao mágico.
A investigação dos autores levou-os a concluir que, ao fim de quase uma década a actuar em pequenos museus por um preço simbólico, Houdini saltou subitamente para as primeiras páginas dos jornais de Chicago e, depois, de todos os Estados Unidos. No livro, chega-se mesmo a falar num acordo de ajuda mútua com a Polícia de Chicago, para impulsionar o seu mito.
O mesmo se terá passado em Inglaterra, a partir de onde Melville terá engendrado uma série de espectáculos pela Europa, em troca de acções de espionagem e contra-espionagem. A obra acrescenta que, durante os primeiros anos do século XX, Houdini forneceu informações aos serviços secretos britânicos e americanos acerca da actividade da Polícia alemã e dos anarquistas russos.
Em 1920, quando a sua mãe morreu, o escapista terá posto um ponto final à carreira de espião. Passou então a desmascarar os adivinhos e todos quantos se julgavam capazes de contactar com os mortos. Essa caça às bruxas pode muito bem ter estado na base das agressões físicas que provocaram a sua morte. Precisamente no dia das bruxas.
Magia de Harry Houdini também foi na
espionagem
Do trapézio ao escapismo
Houdini nasceu em Budapeste, na Hungria, a 24 de Março de 1874, no seio de uma família de judeus, tendo emigrado para os Estados Unidos quando era ainda bebé. Aos nove anos, fez a primeira aparição pública, como artista de trapézio. Chamava a si próprio "Ehrich, o príncipe do ar". Em 1891, tornou-se mágico profissional e adoptou o nome de Harry Houdini, por influência do francês Jean Eugène Robert-Houdin e do norte-americano Harry Kellar. Tornou-se mundialmente famoso pela sua arte de escapar, fosse de algemas, cordas ou coletes de forças.
Amizade com Conan Doyle
Foi na altura em que andava a desmascarar bruxos e adivinhos que Houdini se zangou com um dos seus melhores amigos. Era Arthur Conan Doyle, o criador de Sherlock Holmes, que via no mágico um poderoso médium.