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O centro comercial Dolce Vita Douro, inaugurado, há pouco mais de dois anos, em Vila Real, tem neste momento oito lojas encerradas, algumas delas há vários meses. Além disso, e segundo apurou o JN, junto de vários lojistas do mesmo, "há pelo menos mais seis em risco de fecharem ainda durante este mês". Para os empresários instalados no centro comercial, propriedade do grupo Amorim, "não é fácil dar a cara sobre esta matéria". A administração desvaloriza a questão.
"Alguns de nós estamos a tentar negociar saídas, mas como os contratos que assinámos são de vários anos, a administração não aceita. Por outro lado, tentámos em alternativa uma redução das rendas, que aqui oscilam entre os três mil euros por um pequeno quiosque e os cinco mil por uma loja normal", justificou, ao JN, um comerciante "descontente com o investimento, que frustrou expectativas, sobretudo aos empresários mais pequenos ou locais, que não têm tanta capacidade para acumular prejuízos ou não têm as benesses das chamadas marcas âncora".
Esta situação não é única e "a comprová-lo está o facto de uma loja de marca reconhecida ter aberto e seis meses depois ter fechado", acrescenta outro empresário com loja no Dolce Vita.
Apesar de tudo, para a Direcção do centro comercial, esta questão "não tem fundamento verídico". João Teixeira, director do empreendimento, considera que "o encerramento de lojas é sempre uma oportunidade para melhorar a performance do centro comercial como um todo", acrescentando que "os espaços que estão agora fechados ao público correspondem a apenas 4,5% da área comercializável e serão ocupados com marcas nacionais e internacionais, já na próxima estação". Recorde-se que o Dolce Vita Douro tem, ao todo, 130 lojas.
Relativamente às negociações eventualmente em curso para anulação de contratos ou redução das rendas, a administração do centro comercial diz não haver "mais comentários a fazer". "Os assuntos entre o Dolce Vita Douro e os seus operadores estão sujeitos a confidencialidade contratual como tal não os podemos divulgar", esclarece João Teixeira.
No que toca à performance do Dolce Vita Douro, "encerrou o ano passado com mais de seis milhões de visitantes e cerca 52,5 milhões euros de facturação. Ou seja, 2,5% e 3% de crescimento respectivamente, relativamente a 2005. Dadas as características e dimensão do shopping, são resultados positivos", garante, ainda, o director..
Recentemente, a Câmara de Vila Real concedeu à Amorim Imobiliária, entretanto vendida a um grupo de capitais espanhóis , uma isenção de impostos municipais durante dez anos. Uma decisão que garante a "poupança" à empresa de mais de 100 mil euros ao ano, e muito contestada pela oposição e pela opinião pública. Em contrapartida o centro comercial tornou-se o principal mecenas do Teatro Municipal, com 50 mil euros por ano, durante dez anos e patrocinando várias iniciativas de índole desportiva.
Inauguração chegou a ser anunciada para 2001
A inauguração do Dolce Vita Douro, que esteve para chamar-se "Douro Center", foi anunciada pela primeira vez para o Natal de 2001. O consórcio que deu início ao processo era liderado por um grupo de empresários locais, mas as dificuldades financeiras cedo ditaram a paragem das obras, até aparecer a Amorim Imobiliária disposta a terminar o investimento.
Dez mil pessoas na abertura
Cerca de dez mil pessoas participaram nas iniciativas da abertura ao público, em Outubro de 2004, sobretudo no revivalismo das antigas corridas de automobilismo e do circuito automóvel, uma bandeira que Vila Real perdeu, mas na qual mantém esperança de regresso a um período áureo da história da cidade e da região.
Área de influência atinge os 400 mil habitantes
A área de Influência atinge uma população de 400 mil habitantes. Apesar dos números avançados como "positivos", estes ficam aquém das expectativas , que apontavam para uma meta de oito milhões de visitantes em cada ano. Para além de um hipermercado com oito mil metros quadrados e 23 restaurantes, a área locável ultrapassa os 30 mil metros quadrados, em 85 mil metros quadrados de área bruta.