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Aos 17 anos, ainda estudava e ajudava o pai a fazer tijolo numa pequena empresa familiar. A bola apenas existia nos poucos tempos livres que tinha, mas o talento demonstrado nos dérbis intensos jogados nos estádios da rua despertaram a atenção de um olheiro do Botafogo de Ribeirão Preto, principal equipa da terra que o viu nascer há 26 anos.
Chamavam-lhe Ratinho por ser o mais pequeno intérprete nas peladinhas, onde evidenciava os dotes de médio ofensivo que o levaram ao Paysandu, onde Augusto Inácio o descobriu. Antes de chegar ao Beira-Mar, Luciano Ferreira Gabriel, vulgo Ratinho, passou ainda três anos no Corinthians, onde foi treinado por Wanderley Luxemburgo e Carlos Alberto Parreira, Juventude e Grémio, para além de ter passado um ano na Coreia do Sul. O regresso ao Brasil fez-se pela porta do Paysandu, onde apenas jogou por seis vezes. As portas da Europa abriram-se em Aveiro e o balanço é "positivo".
"Nunca pensei que alguma vez teria a hipótese de ser profissional, mas, agora que aqui cheguei, quero ir mais longe, mesmo tendo contrato com o Beira-Mar por mais uma época e a minha família estar adaptada a Aveiro", assegura Ratinho. A adaptação ao futebol europeu não foi tão rápida quanto gostaria. A chegada de Francisco Soler coincidiu com uma lesão no ombro e a consequente perda da importância conseguida com Inácio e Carvalhal. Nessa altura, andava "um pouco desiludido", mas com o trabalho diário conseguiu "convencer o treinador" a dar-lhe "a oportunidade desejada" e que culminou com "o golo ao Benfica", na passada segunda-feira.
No entanto, o campeonato não está a correr de feição aos auri-negros, que agora entram nos jogos da decisão "Temos uma autêntica final em Setúbal e queremos dar sequência ao trabalho realizado contra o Benfica. Estamos nesta situação por algumas coisas que não foram muito correctas connosco no início da época, com arbitragens que nos prejudicaram e que nos levaram para os últimos lugares". Após a deslocação ao Bonfim, segue-se a meia-final da Taça de Portugal, em Alvalade, e, depois, a recepção à Académica. Ratinho diz que a equipa aveirense está preparada "para corresponder em todos os jogos". Alexandre Silva