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"Aqui existiu um povoado mineiro, já comprovado por escavações anteriores. Estamos a realizar novas escavações a partir daí, alargando-as em várias direcções. Existem referências comprovadas de uma necrópole, que também pretendemos descobrir. Mas, mais do que isso, queremos realizar sondagens na área das minas, em busca de estruturas de apoio à mineração e, também, descobrir o local do acampamento militar, uma vez que elas eram guardadas por legiões do império romano". As explicações são dadas, ao JN, pelo arqueólogo e director de campo, Nélson Borges.
O cenário das escavações é Tresminas, em Vila Pouca de Aguiar. Um local que já foi alvo de interesse de vários arqueólogos, portugueses, espanhóis, ingleses e alemães, entre outros, ao longo de várias décadas. O complexo mineiro de Tresminas, classificado como local de Interesse Público pelo Instituto Português do Património Arquitectónico (IPPAR) desde 1997, vai voltar a ser explorado, agora por uma equipa de cerca de uma dezena arqueólogos e voluntários, liderados pela empresa de escavações arqueológicas "Ozecarus", de Abrantes. Nos tempos da ocupação romana constituiu uma grande exploração de minerais, sobretudo ouro, mas há vestígios que remontam às idades do Bronze e do Ferro, nos finais do período Neolítico.
O trabalho vai prolongar-se por quatro anos, a pedido da Autarquia de Vila Pouca de Aguiar, que "está a iniciar o processo com vista à candidatura do local a património mundial pela UNESCO", conforme explicou Filipe Nascimento, chefe de gabinete do presidente da Câmara, Domingos Dias. Para aquele responsável, "o local tem todos os argumentos para ser classificado e pretende-se que venha a ser mais rentabilizado em termos turísticos".
Filipe Nascimento acrescenta que "esta fase do projecto implica, ainda, um investimento de 500 mil euros em toda a área envolvente, nomeadamente, sinalética, melhoria de caminhos, a recuperação de capelas e alminhas, a requalificação da zona histórica da localidade de Tresminas e a construção de um centro interpretativo". A intervenção estende-se, também, às aldeias vizinhas de Vales, Riberinha, Alfarela de Jales, Covas, Tinhela de Baixo e Tinhela de Cima.