Corpo do artigo
Projecto do Douro Marina
Hotel poderá ir por água abaixo
ODouro Marina Hotel, um "resort" de luxo projectado para os solcacos do Douro vinhateiro poderá nunca saír do papel caso o IPPAR (Instituto Português do Património e Arquitectónico) mantenha a "intransigência" manifestada. Se tal acontecer, serão 33 milhões de euros de investimento que poderão ir por água abaixo.
"Oficialmente não sei de nada, mas o turismo não pode ser uma ameaça para a região", comentou, ao JN, Mário Ferreira, presidente do grupo "Douro Azul", porventura, o maior investidor da região duriense. Contemos a história de princípio há três anos, em 2002, um ano depois da Unesco ter atribuído ao Douro o estatuto de Património Mundial da Humanidade, o empresário apresentou ao Governo o projecto de construção de um hotel de luxo de cinco estrelas com 158 quartos, mais campo de golfe de 18 buracos, nove em cada margem do rio, em Mesão Frio e Lamego, na margem esquerda do Douro. Na altura o projecto foi bem acolhido pelas entidades oficiais e pensou-se chegar a bom porto. Para além de constituir o primeiro projecto contratualizado pela API ( Agência Portuguesa para o Investimento) para a região do Douro e reconhecido como Projecto de Interesse Nacional, o certo é que são levantadas objecções. A primeira versão sofre o chumbo da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional (CCDR) do Norte devido a razões ligadas à preservação paisagística e ambiental.
Os projectistas acataram as recomendações e segundo contou o empresário Mário Ferreira, o arquitecto Capinha Lopes (autor do projecto) recuou a localização do edifício e deu-lhe outra concepção nos socalcos da paisagem. "O novo projecto de hotel contou com a participação activa do IPPAR e resultou numa solução que teve o acompanhamento e a intervenção positiva da delegação Norte do IPPAR, tendo mesmo o segundo projecto de arquitectura sofrido alterações e ajustes sugeridos pela equipa técnica", lê-se na carta enviada ao IPPAR.
Centro de congressos
e campos de ténis
A nova unidade hoteleira prevista para o Douro era composta por SPA vínico, piscinas, ginásio, "health club", centro de congressos, auditório, dois restaurantes, campo de ténis, praia fluvial
e jardins.
Empreendimento ia criar 140 postos de trabalho
Para além dos 158 quartos e dos campos de golfe nas duas margens do rio, o equipamento projectado pela empresa Douro Azul ia gerar a criação de 140 postos de trabalho. O prazo da empreitada da construção foi estimado inicialmente em cerca de 18 meses.
"Ventos fortes causam
grandes tempestades" Irritado com as demoras e entraves causados pelo IPPAR na aprovação do projecto, Mário Ferreira escreveu ao presidente do organismo a criticar a opção tomada. Entre outras considerações deixou um alerta "Aviso: ventos fortes oriundos do IPPAR vão causar grandes tempestades"