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Sozinha na loja, Carla foi presa fácil para os três homens encapuzados que irromperam no estabelecimento. A funcionária da "Campeão dos Preços", na Rua do Jardim, em Vilar do Paraíso (Gaia), esteve, anteontem à noite, mais de hora e meia sequestrada na casa de banho. Muito menos tempo levaram os assaltantes para deitarem a mão a todo o dinheiro arrecadado desde a passada sexta-feira.
O pesadelo começou pelas 19.30 horas, quando Carla se preparava para encerrar a loja, depois de mais um domingo de trabalho. Os ladrões, com gorros e luvas e munidos de uma arma de fogo, não perderam tempo em "livrar-se" dela. "Puxaram-me pelo cabelo e arrastaram-me para a casa de banho", recorda a vítima, visivelmente abalada e parca em palavras.
Antes de passarem o estabelecimento a pente fino, deixaram-lhe o aviso. "Disseram-me para eu ficar quieta e para não gritar, porque senão levava um tiro", continuou Carla Roque, de 30 anos, que cumpriu o "conselho" à risca.
Ajuda por telemóvel
Mesmo trancada e sem qualquer possibilidade de pedir socorro (apesar de ter o telemóvel no casaco, qualquer som que emitisse poderia ser-lhe fatal), a comerciante apercebeu-se que os assaltantes não estiveram dentro da loja mais de 15 minutos. O tempo necessário para roubarem o apuro de três dias - entre 600 e 700 euros - e uma mala da vítima. "Só quiseram levar dinheiro. Não roubaram mercadoria, apesar de terem destruído muita coisa", adiantou Carla Roque, dando conta que depois conseguiu pedir ajuda às autoridades através do telemóvel. Quando a GNR de Valadares chegou ao local, nada levava a crer que se encontrava alguém na loja, na medida em que as portas estavam fechadas, não havia sinais de estroncamento e as luzes estavam apagadas.
Os guardas acabaram por arrombar a entrada e depararam com uma aterrorizada Carla. "Estava em estado de choque", confessou a vítima, que deu entrada no Hospital de Santos Silva e teve alta horas depois.
Carla Roque
Vítima
A minha sorte foi ter o telemóvel no casaco e os ladrões não me terem revistado. Quando as autoridades abriram a porta, eu estava em estado de choque"
Não foi buscar os pães
"Os '300' foram assaltados outra vez?". A pergunta repetia-se, ontem, entre a vizinhança da "Campeão dos Preços". As investidas criminosas não eram novidade, mas nunca com a violência da situação de anteontem à noite. Durante a manhã, quando o estabelecimento estava de portas fechadas, diversas pessoas espreitavam pela porta e pelas montras para tentarem encontrar vestígios do que tinha acontecido horas antes. A responsável por uma confeitaria próxima à loja recordava que, momentos antes do assalto, tinha estado com a vítima, que lhe tinha encomendado pão. "Ela ficou de vir buscá-lo às 19.30 horas, antes de ir embora, mas nunca mais apareceu...", contou. "Ela estava em pânico. A sorte dela foi estar com o telemóvel, senão ficava lá fechada toda a noite", acrescentou a comerciante, uma das primeiras pessoas a estar com Carla depois do assalto.