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>> arranque Espectáculos eróticos e oferta sem limites dominam primeiro dia do certame
"A fantasia aqui não tem limites," avisa uma voz-off ao microfone antes de anunciar a subida ao palco de "Mistress Basia, Lady Monique de Nemours e do seu escravo António". Estamos na Zona Fetiche do Salão Erótico de Lisboa, que decorre no pavilhão 4 da FIL, uma sala tapada por paredes divisórias e no interior da qual existe um palco frente a uma centena de mesas de esplanada.
As mesas estão cheias - o povo amontoa-se, em pé, junto à entrada. O "escravo António" é uma criatura bizarra um homem gordíssimo e completamente nu com a cabeça tapada por uma máscara de couro negro e uma trela presa ao pescoço. António, o escravo, não demora a ajoelhar-se, o rabo picado para cima. As duas dominadoras não estão para brincadeiras: desatam a imprimir chicotadas na pele do homem e não se inibem em dar-lhe vigorosas bofetadas nas nádegas. António estremece.
A assistência, muda e queda, assiste a tudo isto como se estivesse no teatro. A dada altura, António muda de posição - e é novamente chicoteado, mas agora nos testículos. Quinze minutos volvidos, o show termina. "As pessoas que me procuram têm a mentalidade aberta e procuram algo que ultrapasse o sexo convencional", revela a dominadora Lady Monique de Nemours. A profissional, de nacionalidade alemã mas residente em Barcelona, atende os clientes num estúdio na Catalunha. "É tudo mutuamente consentido", explica, "as pessoas preenchem um questionário antes de cada sessão". E frisa "Nunca sou submissa; sou sempre dominadora".
Quanto cobra por cada sessão? Monique não se destapa "Mucho, mucho!", enquanto recorda um episódio "muito divertido" em que se vestiu de freira e o cliente se entusiasmou de tal forma que, precoce, se precipitou sobre o fim. A dominadora está no Salão Erótico até domingo e apela aos portugueses: "Preciso de voluntários".
Poucas horas após a inauguração do Salão, o JN testemunhou um ambiente de festa. Ao início da noite estava bastante concorrido - a contabilidade oficial apontava "para cima de três mil pessoas", - mas a multidão é esperada a partir de hoje.
E o que se vê no pavilhão? Corpos nus, muitos. Shows contínuos de strip-tease em vários palcos. Dezenas de stands com os objectos mais incríveis vibradores de todo o género e tamanho (há golfinhos - e com barbatanas...), lubrificantes, algemas, chicotes, lingerie em látex, máscaras faciais com trombas. E, claro, milhares de DVD em promoção impensável (três filmes a 5 euros) com fetiches inimagináveis como sexo anal com cães ou orgias com anões.
A Tatiana e a Marcela são duas strippers brasileiras que fizeram algum furor durante a tarde. A dupla lecciona um curso de strip-tease no "Cat's Club", em Carcavelos, um dos principais fornecedores de strippers do salão. "As pessoas que quiserem ser strippers têm que ser muito sensuais", revelou Tatiana ao JN. As duas brasileiras estão habituadas a receberem propostas indecentes. Até acham normal. Mas fazem questão de salientar a diferença entre stripper e prostituta. "Sexo só com os namorados", assegurou Marcela, a esguia.
A assistência, essa, prima pela diversidade apesar de os homens estarem em maioria, também circulam pelo recinto vários casais e raparigas. A maior parte deambula por ali, mãos nos bolsos, mãos na máquina fotográfica, olhos em cima do próximo pedaço de carne. Em perdição.
À procura de novas estrelas
Amanhã, durante a tarde, será realizado um casting para captação de candidatas a actrizes porno. "Tem que ser uma pessoa que goste muito de sexo e que não tenha vergonha nem limitações para concretizá-lo", adiantou o famoso Roberto Chivas, profissional que já demonstrou os seus firmes predicados em 400 filmes. O actor, 27 anos, 25 centímetros, confessou ainda que "não é muito fácil conseguir uma erecção durante a rodagem das cenas", mas que, com o tempo, "aprendes a abstrair-te das pessoas que te rodeiam - e avanças".