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Três alunos do 8.º ano do Colégio D. Diogo de Sousa, em Braga, foram expulsos, na última quinta-feira, do estabelecimento de ensino sem qualquer notificação ou conhecimento por escrito por parte dos encarregados de educação. O caso remonta ao passado mês de Dezembro quando um cartaz sobre o 25 de Abril assinado por 40 alunos apareceu colocado num placar da escola numa insinuação pelo ambiente que se vive no Colégio "Há 30 anos ganharam, e agora? Os alunos têm o direito a dizer o que pensam, a ter uma educação liberal, a fazer greves", eram os dizeres do cartaz, arrancado pela direcção da escola e que levou ao levantamento de processos disciplinares a cinco alunos, todos da mesma turma, três deles suspensos imediatamente por dois dias.
A questão que os pais colocam é porque é que só cinco são "condenados" quando cerca de 40 assinaram o cartaz. A justificação da escola, dada a um dos alunos, pela direcção do D. Diogo de Sousa foi o facto de "apenas aquelas assinaturas serem reconhecíveis". Ontem, um dos miúdos expulsos passou o dia inteiro em frente à escola empunhando cartazes e chamando a atenção para a sua situação. Acompanhado pelos pais e pelo tio, Sérgio Carvalho foi alvo de solidariedade por parte dos colegas de turma. O tio não percebe "como se chega a uma situação como esta, quando três miúdos começam a ser perseguidos por não quererem revelar o nome do autor do cartaz".
José de Abreu outros dos pais envolvidos no caso revela que "nenhum encarregado de educação foi notificado ou recebeu qualquer documento da escola a dar conta da expulsão. Soubemos pelos nossos filhos e quando tentamos falar com o director fomos impedidos. Chamei a polícia e com a presença da autoridade o responsável pelo Colégio disse-me que era ele que fazia a lei".
O mais caricato da situação é o facto de um funcionário da escola não permitir que os alunos do D. Diogo de Sousa manifestassem a sua indignação pela situação ou se juntassem ao protesto do Sérgio. Obrigando-os a entrar na escola, o dito funcionário chegou mesmo a ameaçar os mais renitentes também de expulsão. Foi aí que a tensão começou a crescer e se começaram a ouvir alguns insultos ao dito funcionário.
A Direcção Regional de Educação do Norte reconhece a existência de alguns erros em todo o processo, nomeadamente, não ter sido entregue aos pais "o documento para se proceder à transferência de escola". Os pais pedem a todos os outros que tenham queixas contra o Colégio que participem num encontro no próximo sábado em frente à escola. O JN não conseguiu, apesar de várias tentativas, falar com os responsáveis do D. Diogo de Sousa.