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O sindicato da OGMA - Indústria Aeronáutica de Portugal acusou o Governo de ter concluído "à pressa" e "com fins eleitoralistas" o processo de privatização, fazendo um "mau negócio para o Estado" com a venda ao consórcio Embraer/EADS.
O consórcio, com 99% de capital detido pelo fabricante aeronáutico brasileiro Embraer, vai pagar 11,4 milhões de euros por 65% da empresa aeronáutica portuguesa, valor que o sindicalista Jorge Lopes considera "irrisório" e uma "venda ao desbarato".
Para Lopes, o processo de privatização foi feito sem transparência, e sem participação ou informação aos trabalhadores do seu decurso.
"Não houve transparência, tudo foi feito debaixo da mesa, com uma pressa louca, que só podemos interpretar como destinada a servir fins eleitoralistas", afirmou, citado pela Lusa.
Em consequência, afirma, "os trabalhadores desconhecem as perspectivas futuras da empresa", apesar de reconhecerem a valia das duas empresas vencedoras do concurso.
O Sindicato dos Trabalhadores da Aviação e Aeroportos (SITAVA) vai pedir uma reunião urgente à presidente da OGMA, Rosário Ventura, com quem esteve em contacto na quinta-feira, antes do anúncio oficial do resultado do concurso.
O Ministério da Defesa justificou a intenção de concluir até final de 2004 a privatização da OGMA, lançada em Maio, como forma de que os 133 milhões de euros de passivo da empresa que o Estado assumiu não serem contabilizados no défice público deste ano.
Sediada em Alverca, a OGMA emprega actualmente perto de 1600 trabalhadores.
O acordo assinado impede explicitamente qualquer alteração dos estatutos da empresa no que se refere ao relacionamento com a Força Aérea.