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A vereadora do PSD, Teresa Violante, demitiu-se do Executivo da Câmara de Coimbra, ontem, acusando o presidente Carlos Encarnação (PSD) de a ter atacado "brutalmente", na sequência da polémica relacionada com a adjudicação de dois concertos a uma empresa de que é sócio o presidente local da JSD.
Enquanto os socialistas aproveitaram esta polémica para falar de uma "promiscuidade" entre a autarquia e empresas ligadas ao PSD (ver caixa), Violante diz que foram "outros" os motivos que levaram Encarnação a pedir a sua demissão - e não a adjudicação à empresa cujo sócio gerente é líder da JSD e seu namorado -, sem no entanto os explicitar. Já o autarca, depois de ter assumido, em declarações ao "Público", que pedia a demissão da sua vereadora por "falta de lealdade", já que esta não o informara daquela ligação partidária, ontem aos jornalistas avançou com nova justificação. Referiu que a adjudicação em causa não respeitava um princípio que estabelecera na autarquia. Ou seja, que os 50 mil euros que a Câmara gastava nos dois concertos deviam ser recuperados em apoios publicitários, algo que, disse, "não aconteceu".
Teresa Violante é que não poupou o autarca, pelo modo como conduziu o processo. "Indecoroso no modo sensacionalista com que a questão foi tratada pelo senhor presidente nos meios de comunicação social. Ofensivo pois poderia ter induzido nos cidadãos uma errada imagem de ilegalidade. Danoso na medida em que constituiu um ataque feroz e incompreensível à minha pessoa", acusou, dizendo directamente a Carlos Encarnação que repudiava totalmente a nódoa que tentou imputar a si e ao seu bom nome.
Mais tarde, já depois de abandonar a sessão de Câmara, Teresa Violante disse ter sido "brutalmente atacada". Já sobre os novos argumentos apresentados por Encarnação, Violante lembrou que quando o presidente pediu a sua demissão "não sabia quais os patrocínios, nem a receita de bilheteira", logo essa é uma resposta que, tal como a primeira, é refutada pela agora ex-vereadora.
Número
5
vereadores Ficaram ontem na reunião de Câmara após a saída dos vereadores do PS e de Teresa Violante (os restante estavam ausentes). A reunião terminou assim por falta de quórum.
PS fala em negócios escuros
"Não tenho a menor dúvida de que há negócios escuros na Câmara Municipal de Coimbra com contornos político-partidários". A afirmação é de Luis Vilar, vereador do PS na Câmara de Coimbra, para quem Teresa Violante foi apenas o "cordeiro", o "bode expiatório".
Vilar insinuou ainda que empresas que trabalhariam na candidatura de Carlos Encarnação prestavam também serviços para a autarquia e lembrou um conjunto de situações pelas quais aguarda esclarecimentos e que admite mesmo levar a tribunal. A requalificação de rotundas que, segundo Vilar, custou 50 mil euros por cada uma (a intervenção inclui 10 rotundas mas estava previsto uma requalificação mais abrangente), a iluminação e a relva do Estádio Sérgio Conceição, bem como todos os encargos da Câmara com o concerto dos Rolling Stones são temas que o PS promete não esquecer.