O avanço da democracia no Brasil é considerado médio no contexto latino-americano, segundo um estudo divulgado pela Fundação Konrad Adenauer, que foi apresentado quarta-feira, na Cidade do México.
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O estudo aborda o desenvolvimento da democracia a partir de uma visão sistémica, analisando várias dimensões: direitos políticos e liberdades civis, a qualidade institucional, a eficiência política e o desenvolvimento social e económico.
No grupo de "desenvolvimento médio" da democracia estão a Argentina, o Brasil, o México, o Panamá e o Peru.
No décimo ano de realização, o estudo indicou em 2011 o Chile, o Uruguai e a Costa Rica como países "altamente" democráticos. Neste grupo, o Chile ocupa o primeiro lugar há oito anos.
Os países com "baixo desenvolvimento" democrático são Colômbia, El Salvador, Paraguai, Bolívia, Honduras e a República Dominicana e o grupo de nações com "desenvolvimento mínimo" é composto por Nicarágua, Venezuela, Equador e Guatemala.
O documento destacou que a "Venezuela regressou este ano a este grupo".
O IDD-Lat, preparado pela Fundação Konrad Adenauer e a consultoria Polilat, apontou que o desenvolvimento democrático na América Latina sofreu uma queda de 5,8 por cento na média regional.
Os países pesquisados foram Argentina, Bolívia, Brasil, Colômbia, Costa Rica, Chile, Equador, El Salvador, Guatemala, Honduras, México, Nicarágua, Panamá, Paraguai, Peru, República Dominicana, Uruguai e Venezuela.
O director da Polilat, o argentino Jorge Árias, explicou que a América Latina está bem posicionada em relação a outras regiões do mundo, pois apresenta avanços económicos e sociais, mas também retrocessos no âmbito político, ao aumentar o poder dos Estados, que tendem a criar redes de "clientelismo".
Arias explicou que a crise de 2009 não afectou tanto a região devido às baixas taxas de juros, os baixos preços de produtos de valor agregado, o suporte relativo dos bons preços das commodities (das matérias-primas) para exportação, a partir da procura de produtos primários por parte da china e Índia.
O responsável acrescentou que esta situação permitiu à região "sair mais rapidamente da crise". Entretanto, deu um maior protagonismo aos estados, que apareceram com capacidade económica para suportar os setores mais afetados pela crise.
Em termos de direitos políticos e liberdades civis, há uma queda na média geral de 3,5 por cento, "em grande parte causada pela insegurança", referiu o relatório.
Nesse âmbito, Venezuela e Colômbia melhoraram 17,9 por cento e 14,3 por cento, respectivamente. "Suas pontuações subiram por causa do aumento da participação política dos cidadãos nas últimas eleições", explicou Árias.
Jorge Arias destacou que o tráfico de droga é uma das maiores ameaças para a região, sendo o México e América Central os mais atingidos pela sua proximidade com os Estados Unidos, o maior consumidor de drogas do mundo.