Para aproveitar o bom momento internacional brasileiro, a 15ª Bienal do Livro do Rio de Janeiro, que recebe Gonçalo M. Tavares, Pepetela e Ondjaki entre os autores convidados, decidiu este ano prestar uma homenagem ao próprio país.
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O evento editorial começa na quinta-feira e prolonga-se até ao dia 11 de Setembro, com a presença de 150 escritores brasileiros e outros 23 estrangeiros.
"O Brasil passa por um óptimo momento no cenário internacional, tanto economicamente, quanto culturalmente. Com as homenagens agendadas nas feiras de Bogotá e Frankfurt, a Bienal do Livro Rio não poderia ficar de fora e decidiu ter o próprio país como tema de sua 15ª edição", explicam os organizadores.
Com investimento total de 27 milhões de reais (cerca de 11,7 milhões de euros), e expectativa de atrair 600 mil visitantes, a feira já se consagrou como o maior evento editorial brasileiro.
Este ano, a presidente Dilma Rousseff é esperada para a abertura, onde deverá participar numa das mesas de debates, cujo tema é a relação da mulher com o livro.
Entre os escritores esperados estão o português Gonçalo M. Tavares, e os angolanos Onkjaki e Pepetela, todos já editados no mercado brasileiro, que representarão os autores contemporâneos de língua portuguesa fora do Brasil.
Embora os três façam intervenções no próximo domingo, dia 04, cada um deles falará numa mesa distinta, dentro da programação cultural conhecida como "Café Literário".
A intenção deste evento é aproximar o público leitor dos seus autores preferidos, com uma conversa intimista sobre um tema determinado, seguido de uma sessão de autógrafos.
No domingo, ao meio-dia, o angolano Ondjaki participa, ao lado da brasileira Andrea del Fuego, da mesa que discutirá a presença da magia na ficção.
Em Seguida, Gonçalo Tavares fará parte do debate "O autor: entre a busca da expressão justa e a aventura da metáfora". Ele discutirá o assunto com o belga Michel Laub e a chilena, radicada no Brasil, Carola Saavedra.
Gonçalo também aproveita a vinda ao Brasil para lançar dois títulos da série "O Bairro" -- "O Senhor Valéry e a Lógica" e "O Senhor Swedenborg e as Investigações Geométricas" -- reeditados pela editora Casa da Palavra.
Já o angolano Pepetela foi o escolhido para falar sobre questões da África e suas relações com o Brasil. Numa mesa intitulada "África-Brasil: transas literárias, transes existenciais", o africano debaterá com o compositor e escritor Nei Lopes as influências da cultura negra na literatura brasileira.
A homenagem ao Brasil marcará praticamente todos os eventos da feira, que contará com uma série de ações para discutir a realidade do país.
Entre eles, dois encontros com escritores que criaram releituras sobre o passado do Brasil -- Laurentino Gomes e Isabel Lustosa -- prometem trazer debates nada convencionais acerca das relações com as relações históricas com Portugal.
Laurentino Gomes é escritor do best-seller "1808: Como uma rainha louca, um príncipe medroso e uma corte corrupta enganaram Napoleão e mudaram a História de Portugal e do Brasil", no qual narra a chegada da corte portuguesa ao Brasil sob uma nova perspectiva.
Já Isabel Lustosa, que participa da mesa "O Brasil pelo avesso -- mais ou menos verdadeiro?", escreveu, entre outros temas, um livro em que desmistifica a imagem de D. Pedro I (Pedro IV, em Portugal), quem foi o primeiro imperador do Brasil.
Durante os dez dias de evento serão lançados 1.000 títulos, com expectativa de venda em torno de 2,5 milhões de exemplares, numa facturação estimada em 50 milhões de reais (quase 22 milhões de euros).