O presidente da Fundação Nacional do Índio (Funai), Márcio Augusto Freitas de Meira, foi feito refém esta madrugada por índios guaranis de uma reserva no sul do Brasil.
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Meira chegou à região para um evento na noite de segunda-feira e foi mantido refém por indígenas da reserva Estiva, localizada em Viamão, zona próxima de Porto Alegre, capital do Rio Grande do Sul.
A assessoria da Funai confirmou a informação à Lusa, mas não soube adiantar detalhes da negociação, que resultou na libertação do presidente e dos demais funcionários que o acompanhavam. O grupo foi mantido no local por cerca de oito horas.
O Conselho Indigenista Missionário (Cimi) informou que o representante estava no local para tratar de demarcações de terras indígenas no Estado e, perante a falta de acordo, os índios decidiram mantê-lo na reserva.
Em uma "carta aberta à nação brasileira", o Cimi reclama da falta de políticas públicas para as questões indígenas e reivindica mais direitos à sua população.
"A falta de respeito é notória, levando o povo guarani a uma situação de absoluta miséria, vivendo em acampamentos, e ignorados pelo Estado brasileiro, que permite situações como a do Mato Grosso do Sul, onde há mais de 30 anos os governos estaduais se colocam contrários às demarcações de nossas terras", diz o texto da instituição, ligada à Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB).
"Somos nós, povos indígenas, os mais brasileiros dos brasileiros, e reivindicamos assim todos os direitos conferidos aos que habitam este país", acrescenta o comunicado.
O grupo explica ainda que o ato de manter o presidente da Funai na sua reserva não era uma ação violenta, mas um ato de "repúdio", com o qual pretendia dar "visibilidade" à gravíssima condição social em que vive.
A Funai foi criada em 1967 e é o órgão federal responsável pelo estabelecimento e execução das políticas de proteção às comunidades indígenas do Brasil.