Faz hoje dois anos que emigrei. Dois anos que passaram rápido neste pais que bem me acolheu, onde o balanço é sem dúvida, positivo. Contudo, hoje sinto-me triste.
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Triste por ter deixado para longe a família, os amigos o meu País..
Por ver que não tinha outra opção a não ser esta, se queria continuar a ser feliz..
Vejo hoje nas notícias que um Enfermeiro ganha 3,96 euros a hora. Vejo que os profissionais qualificados têm de seguir o mesmo rumo que eu, vejo que a precariedade deixou de ser temporária, para ser definitiva, vejo que os interesses políticos e financeiros avassalam os interesses de cidadania diria mesmo os direitos humanos desse país que se diz de primeiro mundo.Vejo os nossos pais tristes por verem os seus filhos a partirem, depois de tantos anos de sacrifício pra estes puderem estudar e ter um futuro melhor.
Sou enfermeiro, tenho 30 anos, mas podia muito bem ser outro qualquer profissional, qualificado ou não, outro português que não teve outra escolha outra solução a não ser esta. E isso deixa-me revoltado.
Não sei a que ponto o governo, ou entidades governamentais como lhe quiserem chamar, vão deixar esta emigração massiva acontecer, pois acredito que enquanto isso acontecer, enquanto as vozes se silenciarem, eles continuaram a desrespeitar cada vez mais os cidadãos, o povo. E JÁ DERAM PROVAS DISSO.
Se há algo que aprendi, neste pais que bem me acolheu, foi sem dúvida, que são os cidadãos que mandam, que ditam as leis e fazem com que isto por ca funcione. Em Portugal diria a " A UNIÃO FAZ A FORÇA".
Deixo ainda este meu comentário em forma de desabafo, com um refrão de um mestre da música portuguesa, que se tornou imortal no 25 abril, pela sua qualidade musical e criptanalista, Zeca Afonso - Enquanto há força:
"Enquanto há força
No braço que vinga
Que venham ventos
Virar-nos as quilhas
Seremos muitos
Cantai rapazes
Dançai raparigas
E vós altivas
Cantai também"
Um bem hajam.