Produção da Netflix celebra a vida que começa quando o sol se põe.
Corpo do artigo
Com uma área metropolitana que acolhe 37 milhões de pessoas, Tóquio é um espaço de possibilidades. Uma cidade que assiste a uma mutação, que é uma libertação, quando o horário de expediente termina. É de toda a vida que floresce, exuberante, nas noites da capital japonesa que trata o primeiro episódio de "Noites asiáticas: comer, dançar, sonhar", série documental que lança olhar idêntico sobre Seul, Bombaim, Banguecoque, Taipé e Manila.
Do conjunto de pessoas e lugares de Tóquio aqui retratado, num alinhamento funcional de narrativas alternadas, sobressai Suniko Imamuro, aliás DJ Sumirock, que aos 85 anos se divide entre a cozinha do restaurante que herdou do pai, onde labuta seis dias da semana, e o tecno profundo e festivo que emite a partir da cabine do clube Decabar Z. Suniko interessou-se pela atividade de disc-jockey há menos de uma década.
Shinichi Morohoshi atravessa a hora do lobo de outra forma. Assume o alter-ego Fighting Star e conduz um Lamborghini por si costumizado, uma viatura iluminada profusamente a verde e crivada de brilhantes (e muito mais) inspirada em parte por "Guerra das estrelas". Shinichi, que pertence a uma comunidade de militantes do tuning estratosférico, defende que a miríade de extravagância é tão intrínseca à cultura nipónica como a discrição, a sobriedade e a ética do trabalho que se encontra do outro lado (diurno) da moeda.
Por estas "Noite asiáticas" também passa Rogerio Igarashi Vaz, nascido no Brasil, com avós japoneses, mestre em minuciosos cocktails no Bar Trench; e o desbocado e divertido Yoshida Nurukiyo, dono do Izakaya, casa onde se come e bebe noite adentro. Passam gangues de skateboarders dos espaços libertados pela noite; e passam os convivas da Department H Fetish Party, vestidos de bonecas insufláveis, animais de peluche, bebés ou escafandros de latex preto. E passa Shotaro Kamijo com o seu Twillo, um bar itinerante com pinta, velas e bola de espelhos; filosofando de charuto aceso, define o coração da noite como aquele momento em que "a solidão de todos se funde".
Noites asiáticas: Comer, dançar, sonhar
Netflix