Na cidade Meo Sudoeste, o dia começa cedo. "A partir das dez da manhã é impossível dormir", explica António Oliveira, que atravessou o país desde Santo Tirso para vir ao festival da Zambujeira. "O calor expulsa-nos da tenda. Ou então os vizinhos começam a fazer barulho. Tinham sossegado apenas duas ou três horas".
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Impelido pelo sol e pela vizinhança, o dia do jovem de 29 anos (que apesar de tudo tem a idade de um decano no contexto do Sudoeste) será comum a muitos dos milhares de festivaleiros. Pequeno almoço, banho no canal ou na praia, um jogo de futebol ou de matrecos, molenguice ao fim da tarde, "uns copitos para atestar" e os concertos até às quatro da manhã. Ou, numa versão mais minimalista, "comer, beber, dormir e ressacar", sintetizou Bárbara Dinis, de 18 anos, que desceu de Aveiro para o Alentejo.
A praia da Zambujeira do Mar é uma das testemunhas da rotina que começa a estabelecer-se entre os mais de 30 mil campistas que afluíram ao festival. A organização disponibiliza autocarros, alguns descapotáveis, que fazem o vai-vém ao longo do dia entre a praia e a pequena vila Alentejana, que estoura pela costuras enquanto dura o Sudoeste. O areal enche-se de jogos de vólei e raquetes, que importunam os que se espraiam ao sol. O nadador-salvador esbraceja e apita constantemente, prevenindo os que ultrapassam a zona de segurança no mar. Os novas tendências de biquinis exibem-se sem clemência (jornalista sofre). Os que trouxeram carro, como Tomé Madeira, de Portalegre, aproveitam para explorar as praias estupendas do paraíso vicentino: Alteirinhos, Carvalhal, Odeceixe, Vale dos Homens ou Almograve.
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Quem fica pelo complexo do festival, entretém-se com os inúmeros passatempos e promoções das marcas presentes ou coloca-se na fila para a roda gigante. Enquanto outros circulam pelo parque nas suas vidas atarefadíssimas. Para garantir a ordem pública, a GNR faz patrulhas sistemáticas. "Nada de grave a assinalar. A malta tem-se portado bem", asseverou o sargento Lopes do interior de um jipe. Há também motos a percorrer o parque com frequência.
No capítulo dos acidentes, também nada a registar, garantiu ao JN o comandante dos bombeiros de Odemira, Nazário Viana. "A única dificuldade que esta malta tem é na utilização dos camping gas. Ninguém lhes explica como manusear aquilo e aparecem-me com os dedos congelados porque se põem a fazer furos na lata." Segundo o comandante, um dos cinco bombeiros que se encontra em permanência no parque, haverá cerca de 9 mil campistas que lhe pediram o contacto. "Funcionam como meus ajudantes. Se houver algum acidente, avisam-me". Tudo corre pelo melhor no melhor dos mundos, como diria Pangloss.