Qualquer bailarino sabe que a prática faz a perfeição, mas na relação triangular que se estabelece entre estes, os programadores e o público sempre ávidos de algo novo e fresco, algumas das vezes o pressuposto da qualidade perde-se.
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Flora Détraz apresentou ontem "Muyte Maker", no Teatro do Campo Alegre, a coreografia tem cinco anos e merece ser (re)vista pelo máximo de pessoas possível. A criatividade imposta num dispositivo cénico em que quatro mulheres, sentadas à mesa, em suspensão capilar com foices, martelos, em contrapeso com as suas cabeças, enfeitadas de naturezas mortas, é tremenda.
As suas pernas debaixo da mesa, e os seus sapateados são outro espetáculo, como se houvesse uma dissociação entre a parte superior e inferior do corpo.
A coreógrafa tem como marca de água o uso da voz e a peça, é toda polifonicamente cantada e dançada, de forma extraordinária por elas. O desenho de luz é outra das mais-valias de "Muyte maker", sendo uma obra onde tem de existir muita atenção ao detalhe por parte do público, a luz cumpriu um papel fundamental.
Como bónus de uma peça bem conseguida, trabalhada e amadurecida esta é recheada de humor absurdo (o melhor de todos) repleto de gags físicos, levando o público às lágrimas com a compleição delas. "Muyte maker" tem hoje nova récita, às 15 horas no Teatro do Campo Alegre.
Este domingo, o DDD traz mais um espetáculo do Corpo Cidade, desta feita Flávio Rodrigues, na Estação de S. Bento. A chuva mudou na sexta-feira a estreia de "B Girls" de Max Oliveira, para o Palácio dos Correios, o espetáculo das quatro" B-girls", o que teve até agora a assistência mais jovem do DDD foi muito impactante. Cat, Luma, Anti e Vanessa são uns portentos olímpicos, a desafiar leias de gravidade e da isometria pura.
Depois de uma festa madrugada adentro no Teatro Rivoli encabeçada por Odete, mas com Kayla Brasil e muitos outros convidados o programa prossegue este domingo com muitas récitas por ver.