Ensaio "O que a chama iluminou" reflete sobre o sentido do fim e a sua íntima relação com a vida.
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Pode um livro sobre o fim, habitado por ameaças várias que impendem sobre o nosso destino comum, irradiar uma luz que nos devolva algum tipo de esperança na espécie humana? O bom senso levar-nos-ia a declinar de pronto essa possibilidade, mas, estranhamente, saímos da leitura de “O que a chama iluminou” com um certo grau de conforto que apenas os grandes textos nos proporcionam.
Agora compilados em livro, numa versão ampliada, os textos que Afonso Cruz escreveu inicialmente para um espetáculo homónimo que alia a palavra, a música e as imagens ganham em dimensão reflexiva o que naturalmente perdem na vertente performativa. É essa reverberação interior que os livros apresentam, como talvez nenhuma outra arte o consiga, a grande mais-valia desta edição da Companhia das Letras.