Espetáculo ao vivo do tenor italiano no Estádio de Leiria juntou 24 734 espectadores. É a maior audiência de sempre num concerto de música clássica em Portugal.
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O concerto de Andrea Bocelli no Estádio de Leiria, este sábado à noite, bateu o recorde de assistência para um espetáculo ao vivo de música clássica no país. Foram vendidos 24 734 bilhetes a fãs, vindos de 63 países, a que se juntam ainda algumas dezenas de convites. Tudo somado, estiveram a ver e ouvir o tenor italiano cerca de 25 mil pessoas.
A grande massa humana manifestou maior entusiasmo na segunda parte do concerto, quando o tenor cego interpretou as músicas mais conhecidas. “Nessun dorma” fechou com chave de ouro o terceiro e último encore, com muita gente em pé, sobretudo na plateia VIP, a registar o momento com as câmaras de telemóvel.
Foi preciso esperar quase uma hora e meia para que Andrea Bocelli interagisse com o público – lançou um tímido “obrigada, muito obrigada”, após interpretar “Notte ‘e piscatore”, na segunda parte do recital. Contudo, o público só começou verdadeiramente a vibrar quando entoou “Funiculí funiculà”, tema anteriormente celebrizado pela voz de outro poderoso tenor: Luciano Pavarotti. Ouviram-se espectadores a repetir o refrão e a dançar nas cadeiras e, no final, ecoaram muitas palmas e assobios cheios de entusiasmo.
A felicidade de Rosa Oliveira
Bocelli atuou com a Orquestra Filarmonia das Beiras, um majestoso coro de 80 elementos e levou como convidadas a soprano Serena Gamberoni, a violinista Rusanda Panfili e a artista pop Andrea Lykke. Depois de a cantora dinamarquesa ter interpretado “You make me feel like a natural woman”, a meio da segunda parte, o tenor agradeceu a presença do público e manifestou-se sensibilizado por ter uma assistência tão grande.
Residente em Aveiro, Rosa Oliveira esteve no concerto com as três irmãs e uma amiga. Cumpria o sonho de assistir a um espetáculo de Andrea Bocelli com a idade de 60 anos, feitos a 4 de julho de 2024. “Só quando cheguei ao Estádio é que acreditei que era verdade”, conta ao JN.
E Rosa faz uma revelação: “Comprámos bilhete para o ir ver a Coimbra, há dois anos, mas confundimo-nos com a data, e fomos no dia a seguir”, recorda. Desta vez, o desgosto foi substituído por um sorriso de felicidade. “Quando estou a fazer a faxina da casa, oiço sempre as músicas dele”, revela Rosa Oliveira a sorrir.
Eugenie Ho veio de Hong Kong
Pela primeira vez em Portugal, Eugenie Ho fez 11 mil quilómetros desde Hong Kong para ver o tenor italiano ao vivo. “Desde a Covid, já o vi duas vezes na Alemanha, uma na Hungria, uma em Macau e outra na Austrália. Bocelli deu-me a possibilidade de viajar por muitos sítios que não conhecia”, revela ao JN. “Oiço-o todos os dias no YouTube. Estou habituada à voz dele.”
Tiago Castelo Branco, diretor-executivo da promotora MOT – Memories of Tomorrow, atribui a grande procura do espetáculo à dimensão do artista e aos 30 anos de carreira, mas considera que o facto de ter decorrido num estádio da região centro foi a cereja no topo do bolo. “Só os 11 mil lugares no relvado é a capacidade do Altice Arena”, justifica, satisfeito por deter agora o recorde de público de música clássica em Portugal.