Plano Nacional entra em funções dentro de três meses e tem dotação de meio milhão de euros. Ministro da Cultura inaugurou em Braga o festival literário Utopia.
Corpo do artigo
O ministro da Cultura considera que o Plano Nacional de Literacia Mediática, cujas linhas orientadoras foram aprovadas pelo Governo esta quinta-feira, será um instrumento importante para dar aos alunos “a noção concreta de como a informação se faz” e aumentar os níveis de literacia mediática.
Segundo Pedro Adão e Silva, depois da aprovação da medida em Conselho de Ministros, há agora um prazo de três meses para apresentação do plano de atividades, que terá uma dotação financeira de meio milhão de euros e surge num tempo em que há “grande preocupação” com a desinformação e com a disseminação de notícias falsas (“fake-news”).
“A desinformação não surgiu agora, acompanha-nos desde tempos imemoriais, mas hoje há uma possibilidade sem paralelo histórico de a mentira se propagar de forma viral”, defendeu Adão e Silva, em Braga, numa conferência sobre a importância da literacia mediática, integrada no programa do Festival Literário Utopia.
Por isso, continuou o ministro, cada vez mais é necessário “escrutinar e distinguir com credibilidade”, o que obriga a dar competências e ferramentas aos públicos para que possam interpretar aquilo que lhes é transmitido.
Serviço público robusto
Defendendo a liberdade de imprensa como um “assunto muito sério nas sociedades de hoje”, Pedro Adão e Silva, que tutela a comunicação social, lembrou o “contexto de particular incerteza” vivido no setor dos media e disse ser necessário refletir sobre o lugar do serviço público de televisão e de rádio, que precisa de ser “robusto”. “Pelo papel particularmente importante que tem, gostava que a agência Lusa pudesse assumir ainda mais a garantia do acesso a uma informação fiável e de proximidade. Esse é um desafio que se coloca”, apontou o ministro.
Para Adão e Silva, “confiança” é a palavra-chave para “contrair o declínio das instituições de intermediação” de informação, nomeadamente os órgãos de comunicação, a quem o governante também apontou o dedo.
“Distinguir factos de opiniões é fundamental, é o alicerce sobre o qual tudo se constrói. Há também uma reflexão a fazer do lado da comunicação social, porque é frequente vermos notícias opinativas, o que é um mau contributo dado neste ambiente”, criticou.
Integrado no Utopia
Ao longo desta quinta-feira, a conferência anual do Plano Nacional de Leitura reuniu no Theatro Circo, em Braga, jornalistas, estudantes e professores para debater a literacia mediática.
O evento integrou a programação do Festival Literário Utopia, que abriu ontem e se estende até ao próximo dia 12 de novembro.
Criado pela The Book Company, o Utopia contará com mais de 90 horas de programação e a intervenção de mais de uma centena de convidados, com nomes como Miguel Esteves Cardoso, José Rodrigues dos Santos, Ludmila Ulitskaya ou Giles Lipovetsky.