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Se fosse o Américo Tomás, diria: "Só tenho um adjectivo: gostei". A sério, direi: "Foi magnífico, único, insuperável" e é pouco para expressar a admiração pela forma como decorreu o Cortejo de S. Bartolomeu, na Foz do Douro. É pouco, porque trabalhar, dias e noites, por amor à causa da tradição que afirma uma comunidade é, nos tempos que correm, motivo de espanto.
E é obra confecionar seiscentas roupas adaptadas aos zulus do Sul e tuaregues do Norte de África, a mexicanos e brasileiros, aos povos da UE, evocando o seu pacto ecológico, incluindo flores e jardineiros, mais os trajes tradicionais do Reino Unido, Suíça, Sérvia, Ucrânia e Noruega, juntando-lhe o Festival Chinês da Primavera, acrescentado de Bruce Lee, Jackie Chan e Mao Tsé-Tung, em amena fraternidade, no quadro da China Pop. Tudo culminando num desfile de dezenas de vikings, vestidos a rigor, figurando aquele povo, incluindo a reprodução "à escala" da sua embarcação (o "Drakkar"). Confecionar, dizia, tanta indumentária fiel à realidade é inexcedível de dedicação à causa, simples mas essencial, de manter actuante o espírito da cidade.
A junta das freguesias envolvidas, os moradores de Aldoar, Pasteleira, Fonte da Moura, Foz e mais alguns que se esmeraram em construir uma grande manifestação de cultura urbana merecem os elogios, encómios e gratidão pelo que nos proporcionam. Sobretudo por demonstrarem que, apesar do que bolsam os arautos do "declinismo", a cidade continua viva. Este cortejo (embora haja quem ache desnecessário) há muito que merece a classificação de Património do País e da Humanidade.
(O autor escreve segundo a antiga ortografia)