Subtração de nomes internacionais da música dos cartazes em Portugal abre a porta a artistas de nicho.
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Com os artistas internacionais descartados da agenda cultural em Portugal devido à pandemia, a maioria das salas de espetáculos do país aposta em nomes emergentes portugueses para preencher a normalidade possível na música. O contexto gerou uma oportunidade para bandas de menor dimensão, que agora estão a ser programadas nos grandes palcos.
Embora algumas salas já sejam conhecidas pela aposta em nomes emergentes, essa aposta em bandas que são populares sobretudo em circuitos restritos, foi reforçada de Norte a Sul.
O Theatro Circo de Braga é o reflexo dessa aposta. Para junho e julho programou sete concertos à quinta-feira. Chama-lhe "7 Quintas Felizes" e convida sete bandas ou artistas portugueses com trabalhos recentes. Três bandas já tinham concerto agendado para aquele espaço antes da pandemia e isso foi a desculpa perfeita para juntar mais quatro nomes e promover um programa de concertos em grande auditório.
"Apontei para bandas que conseguem entre 150 a 200 pessoas, no máximo, em período normal", fundamenta Paulo Brandão, diretor artístico do Theatro Circo. Como programador, garante que não se choca "por ter 50 pessoas numa sala grande", mas salienta que "a banda tem de ser suficientemente forte para fazer esquecer que a sala não está cheia".
O primeiro concerto foi na semana passada, com de 100 pessoas a assistirem aos contagiantes conimbricenses Birds Are Indie, em plena celebração de dez anos de carreira. Depois de amanhã tocam os PAUS, seguidos de Valter Lobo, André Henriques (Linda Martini), Cachupa Psicadélica e R"B&Mr.SC. "O 7 Quintas foi criado para mostrar que há alegria e boa disposição nestas bandas, quase todas com discos novos." Por um lado, acrescenta ainda Brandão, o baixo cachê destas bandas ajuda a dirimir a quebra de receita decorrente da diminuição dos lugares, imposta pela Direção-Geral da Saúde. Por outro, ajuda a lançar artistas menos conhecidos numa fase difícil para as artes.
Branko sem luz
"Enquanto criador, começas a perceber o que vai ser a tua vida e fica um bocado difícil pensar no futuro ou num futuro muito distante. Há uma certa aflição de não ver a luz ao fundo do túnel", refere Branko, versátil músico português que ficou conhecido por integrar os Buraka Som Sistema e que se tem destacado, a solo, em circuitos mais alternativos. O lisboeta tinha concerto no dia 2 de abril no Tivoli, em Lisboa, mas viu a data ser adiada, em dose dupla, para os dias 1 e 2 de julho.
Já o Teatro Aveirense, que assinalou o início do desconfinamento com Filipe Sambado, escolheu os Best Youth para 2 de julho e Pedro de Tróia para 10 de setembro. Ainda no distrito de Aveiro, a Casa da Cultura de Ílhavo apostou no vitaminado Kuduro roqueiro dos Throes + The Shine para a próxima sexta-feira.
Guimarães também desconfina com música nacional, ao ar livre, nas imediações do Centro Cultural de Vila Flor. O Pop de Benjamim (sexta-feira) e Minta & The Brook Trout (3 de julho) foram as escolhas do programa "Lufada".
