Quarto capítulo da saga “Balas & bolinhos” estreia amanhã nas salas de cinema. Enredo procura regressar à autenticidade do primeiro filme, lançado em 2001.
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Foi há 25 anos que se juntaram pela primeira vez, aquando das gravações do “Balas e bolinhos” original, algures em 1999. Já não se sentavam os quatro, em torno de uma mesa e muitas ideias, há mais de uma década.
Amanhã estreia nos cinemas o projeto que reuniu de novo João Pires, Luís Ismael, Joaquim Duarte e Jorge Neto - e o JN esteve à conversa com eles sobre histórias caricatas do passado e do presente. “Balas & bolinhos: só mais uma coisa” contará a história de Bino, Tone, Culatra e Rato numa fase diferente da vida, “mais madura”. Mas nem por isso menos cómica.
Como surgiu o regresso?
Joaquim Duarte (JD): Éramos constantemente pressionados. No bom sentido, claro. Abordavam-nos na rua, no café e até nos escreviam. Sempre a pedir um quarto filme. E estávamos muito próximos da data simbólica de um quarto de século do primeiro filme. Já que tínhamos feito tanta coisa - três filmes, peças de teatro, curta-metragem -, porque não mais uma coisa?
Como se escreve um “Balas & bolinhos”?
Jorge Neto (JN): O processo é natural. O Luís tem as ideias, coloca no papel e depois vamos conversando sobre elas, para que ganhem forma. Lemos o argumento todo, interpretamos as várias personagens, incluindo as que não são as nossas, e isso ajuda bastante porque vamos percebendo qual é a vida que as coisas têm de ter quando passam do papel para o filme em si.
O que foi diferente na produção hoje face ao primeiro filme?
João Pires (JP): Praticamente tudo. Tudo que temos agora é superior. Temos, principalmente, uma grande diretora de produção, a Maria Pacheco, que não tínhamos em 1999. Mas também temos coisas iguais. Temos uma carrinha pão de forma neste filme que utilizámos no primeiro, por isso não podemos dizer que é tudo melhor. Aliás, a carrinha se calhar está um bocadinho pior, porque a porta da frente abria direito e agora já não abre.
Também as personagens estão diferentes?
Luís Ismael (LI): Estão mais maduras. Talvez um bocadinho mais desenvolvidas ou, pelo menos, nota-se que passou algum tempo por elas - tal como passou por nós, atores. No entanto, não são muito mais elaboradas, caso contrário perdia a essência.
Podemos então esperar ver, na essência, o mesmo “Balas & Bolinhos”?
LI: Completamente. Essa foi aliás a nossa premissa inicial. O segundo e o terceiro filmes foram para lá daquele universo de bairro e, com este regresso, sabíamos que queríamos, de alguma forma, voltar à autenticidade do primeiro enredo. Há expressões e atitudes que se mantêm. E dentro do que fica igual há referências neste filme que nos transportam para o ano de 2001. Mas isso é uma surpresa que queremos deixar a quem vai ver.
Qual foi a reação da família e amigos ao saber do regresso a este universo?
JP: Ficaram muito contentes. Muitas vezes, os pedidos de regresso partiam das pessoas mais próximas de nós. Mas esta é a pergunta típica antes de o filme estrear, porque depois a pergunta vai ser outra: quando há o “Balas 5”? E aí já temos de treinar e falar com a família.
Desta vez, é mesmo o último capítulo?
JD: Isto é “só mais uma coisa”, mas a seguir ainda vem o “reboot”, depois os spin-off, depois um livro. Estou a brincar. Ainda havia mais qualquer coisa para dizer, daí o título. Agora não podemos adivinhar o futuro. Nunca pensámos fazer uma peça de teatro baseada nos três filmes anteriores, mas aconteceu e encheu Coliseus. O que sei é que, quando estamos juntos, temos química. Não só a interpretar as personagens, mas fora do papel.
O público é o mesmo de 2000? Ou há novos fãs?
LI: Nunca contei à minha filha que participei num filme. Muitas vezes, andava comigo na rua e perguntava porque é que as pessoas queriam tirar fotografias comigo. Houve um dia, tinha ela oito anos, entra no carro e diz “eu já vi os teus filmes”. Os miúdos da primária avisaram-na que o pai andava metido em filmes. Acho que é um sinal muito giro da renovação de públicos.
Quais as expectativas para esta estreia?
LI: Não conseguimos definir metas de espectadores, porque o cinema de hoje em dia é diferente. Há algo que sabemos: que este é um filme para ver entre amigos e família. É um filme para rir em português. E essa alegria é o que nos moveu a voltar e dar um presente aos fãs.