Planeado há dez anos, o equipamento deverá começar a nascer em novembro. Conclusão prevista para 2022.
Corpo do artigo
Dentro de dois anos, Bragança passará a dispor de um projeto único no país e na Europa - o Museu da Língua Portuguesa - no qual o autarca brigantino Hernâni Dias deposita "grande esperança", e com o qual espera que se "desmistifique, de uma vez por todas, os preconceitos relativamente à capacidade inovadora e de vanguarda dos territórios do Interior".
"Também é um desafio para o resto do país", afirma ao JN. "Uma cidade do Interior criar um projeto único de âmbito nacional e internacional valoriza ainda mais esta construção".
Até agora, existe apenas um outro museu dedicado à Língua Portuguesa, mas está situado no outro lado do Mundo, em S. Paulo, no Brasil. "Tenho muita esperança naquilo que será a capacidade empresarial, económica e turística deste projeto para a região", insiste. Estando em causa o património imaterial, como é a Língua, a criação do museu representa um enorme desafio que obriga a uma grande aposta na tecnologia e nos suportes interativos para apresentar o acervo.
Experiência sensorial
Para já, sabe-se que pelo menos entre 25 e 26 experiências levarão o visitante por uma viagem sensorial pela Língua. "Temos já um conjunto de experiências desenhadas e subordinadas à temática da Língua distribuídas pelos vários pisos do museu. Cada experiência terá uma grande componente tecnológica", desvendou o presidente da Câmara Municipal de Bragança. O que se promete é um espaço dinâmico e lúdico que apresente a riqueza e a diversidade da Língua Portuguesa nas suas várias facetas. "Por exemplo, carregar num botão e surgir uma palavra nas suas diversas formas, desde sinónimos, antónimos ou palavras que nem existem. Podemos esperar muita coisa".
A investigação que deu origem às experiências foi feita pelo Instituto Politécnico de Bragança que é parceiro na Associação do Museu da Língua Portuguesa, da qual também faz parte a Academia de Ciências de Lisboa.
Concurso público aberto
O concurso público internacional para a adjudicação da empreitada do museu, com projeto assinado pelo arquiteto português Joaquim Portela, já foi publicado em "Diário da República". O museu vai ocupar os antigos silos de cereal da Epac, que serão reabilitados, mantendo a sua forma original.
Hernâni Dias considera esta obra apetecível para empresas estrangeiras. "Face ao desafio que é este equipamento, e ao valor financeiro que envolve, é provável que haja empresas internacionais que queiram pegar na obra".
40 mil por ano
As obras deverão iniciar-se em novembro deste ano e têm um prazo de conclusão estimado até 2022. O edifício terá vários pisos. Um deles vai alojar uma biblioteca e uma área dedicada à investigação, pois a ideia é ter um espaço vivo com pessoas.
"Para investigadoras que aqui queiram trabalhar ou estudar, cria-se uma área na parte de cima do edifício que tem uma vista fantástica sobre a cidade", acrescentou o autarca que deseja um museu "com gente dentro, seja a visitá-lo, a trabalhar ou a estudar". As previsões apontam para que no primeiro ano de funcionamento possa ser visitado por 40 mil pessoas.
Detalhe
Detalhes
Orçamento
A empreitada tem um orçamento de 10 milhões de euros, com 50% de financiamento comunitário.
Postos de trabalho
O museu poderá criar entre cinco e 12 postos de trabalho diretos.
Receita esperada
Em 2025 é esperado um resultado global anual na ordem dos 3,3 milhões de euros associados à atração de turistas que o museu pode provocar na região.