A Oficina, cooperativa que gere o Centro Cultural Vila Flor (CCVF), entre outros espaços culturaias da cidade de Guimarães, lança o programa com que quer estar no “epicentro da cultura” e afirmar-se como uma “plataforma nacional”.
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Além do Centro Cultural Vila Flor (CCVF), A Oficina gere o Centro Internacional de Artes José de Guimarães e a Casa da Memória (CDMG), o Centro de Criação de Candoso, o Espaço Oficina e da Loja Oficina, e apresentou, esta terça-feira, o programa com que pretende agitar o panorama cultural da Cidade Berço, até ao final do ano.
O novo diretor executivo da Oficina, Hugo Freitas, sublinhou a continuidade de programas de mediação cultural que fazem com que sete mil crianças tenham acesso à cultura, mas há também os 18 anos do CCVF, novas exposições no CIAJG e um “Remoinho”, na CDMG, para conhecer tudo o que se relaciona com a feitura do pão de forma tradicional.
Para o momento em que o CCVF atinge a maioridade, A Oficina preparou concertos, teatro e dança. A celebração começa no dia 15 de setembro, com a apresentação de “Cascas d’Ovo”, a única peça da dupla de coreógrafos portugueses Jonas & Lander que ainda não foi vista nos palcos vimaranenses.
No dia seguinte, a Orquestra de Guimarães junta-se ao compositor Gabriel Prokofiev (neto de Sergei Prokofiev) para um concerto onde as referências do repertório clássico se fundem com a eletrónica, com o “turntablism” e outras estéticas. Para Rui Torrinha, diretor artístico do CCVF, “é fundamental que quem cá vive possa cruzar-se com quem cá vem, colocando-se numa postura cosmopolita”.
No dia do aniversário propriamente dito, o palco do CCVF fica entregue à reinvenção da música popular portuguesa por Pedro Mafama. É certo que não faltarão temas como “Preço Certo”, “Estrada” ou “Marcha Bonita”. No dia 23, o coletivo SillySeason encerra as comemorações do aniversário do CCVF, com “Palco Principal”. A peça parte do universo de Tchékhov e de “A Gaivota”.
Em novembro há Guimarães Jazz
A 28 de outubro, os The Cinematic Orchestra assinalam, no auditório principal do CCVF os 20 anos do álbum “Man with a movie camera”, feito para o filme homónimo de Dziga Vertov, por altura da Capital Europeia da Cultura, no Porto, em 2001. A última parte do ano é também tempo para o Guimarães Jazz. A 32.ª edição decorre entre 9 e 18 de novembro e promete uma particular atenção à cena nova-iorquina e às expressões de tendência experimental.
Rui Torrinha, diretor artístico do CCVF, chama a atenção para a “alteração sociológica” que está a acontecer em Guimarães, “onde já vivem pessoas de cem nacionalidades diferentes”. A Oficina promete estar atenta a esta mudança e a prova dessa programação “não eurocentrica”, aponta Rui Torrinha, são espetáculos como “Campo Força Chama”, uma performance concebida por Josefa Pereira, uma artista brasileira radicada em Lisboa.
“Primeiros Encontros”, uma das iniciativa do CIAJG pretende conhecer as narrativas, “a partir da coleção do museu”, dos migrantes que vivem no território de Guimarães. Marta Mestre a diretora do museu lembra que o lema da casa é “um museu com mundos dentro”.
CIAJG tem novas exposições a partir de novembro
A partir de 30 de setembro o CIAJG abre um novo ciclo de exposições onde se destaca o trabalho de Dayana Lucas - venezuelana radicada na Madeira, lá está - e o programa de apoio à criação “Laboratórios de Verão”, feito em parceria com o GNRation. Dayana Lucas trabalha a partir do desenho, mas interessa-se pela sua transformação em objeto tridimensional. Marta Mestre vê aqui uma forma de colocar em diálogo o trabalho da artista com o desenho de José de Guimarães.
Bárbara Fonte, Lucas Carneiro e Manuel Costa, Cláudia Cibrão e o duo Guache são os vencedores da edição de 2023 dos “Laboratórios de Verão”. Os seus trabalhos que abarcam propostas em domínios que vão desde as artes visuais, passando pela performance e pela media art vão estar no CIAJG até 28 de janeiro.
Muito teatro para ver até dezembro
O Teatro Oficina (TO), no último quadrimestre de 2023, tem uma agenda repleta: a 4 de outubro, está prevista a estreia de “Ensaio Técnico”, peça escrita e encenada pelo seu diretor artístico Mikael de Oliveira; “A missa acabou”, de Ana Sampaio e Maia e Sérgio de Brito sobe ao palco a 13 de setembro; “Inserir imagem visualmente poderosa: aqui”, da vimaranense Anja Caldas, apresenta-se a 15 de novembro, e “Mulher de”, por Ana Mafalda Pereira, a 13 de dezembro.
Mikael de Oliveira chama a atenção dos interessados em participar nas Oficinas do Teatro Oficina para a necessidade de se inscreverem até ao dia 12. “A procura tem sido grande e não podemos integrar todas as pessoas porque as turmas são limitadas”, afirma o diretor convidado do TO.
Na CDMG há um novo programa, “Remoinho”, dedicado ao universo cultural que envolve a feitura do pão de forma tradicional. A Loja Oficina volta a explorar a amizade fraternal, construída nos tempos de estudantes em Coimbra, entre Alberto Sampaio e Antero de Quental, para assinalar o aniversário do nascimento do historiador vimaranense, a 18 de novembro.
“Um plataforma nacional de cultura”
Hugo Freitas, o novo diretor executivo da Oficina, vindo do mundo do futebol - era diretor de marketing do SC Braga e anteriormente do Vitória -, na sua primeira intervenção pública, sublinhou a continuidade de projetos de mediação cultural que “permitem colocar em contacto com a arte cerca de sete mil crianças por ano”. Hugo Freitas socorreu-se das palavras de uma publicação espanhola para dizer que A Oficina “é um epicentro de arte e cultura na Europa”. O diretor ambiciona que a cooperativa seja “não uma plataforma da cultura em Guimarães, mas uma plataforma nacional”.