Aniversário da reabertura da sala do centro da cidade comemora-se até dia 16.
Corpo do artigo
Uma autêntica ilha de programação regular de cinema, acompanhada mais recentemente pelo Centro Batalha, mas continuando a ser a única sala de estreia no centro do Porto, o Cinema Trindade, com as suas duas salas, celebra hoje o sétimo aniversário da sua reabertura, com um programa especial que se desenrola até ao dia 16, data em que, em 2017, se retomaram as sessões diárias.
São sete anos de muito bom cinema, independente, de grande exigência, e sem nunca deixar de pensar nos públicos que não se contentam com os produtos que as salas das grandes superfícies normalmente oferecem. Porque é justo referi-lo, a equipa é liderada por Américo Santos e Cristina Mota, com experiência anterior por exemplo na organização do Festival de Cinema Luso-Brasileiro de Santa Maria da Feira e por isso sempre com uma grande atenção ao cinema que se faz, em quantidade e qualidade e apesar de todos os problemas que se conhecem, no país irmão.
O programa tem início hoje, às 19.30 horas, com a exibição da cópia nova restaurada de “O Desprezo”, um dos clássicos do realizador que vão regressar às salas nas próximas semanas e que, através das personagens de Brigitte Bardot e Michel Piccoli, mas também de Jack Palance e Fritz Lang, é uma homenagem ao próprio cinema.
O programa tem como um dos seus principais vetores a seção 7 Anos 7 Realizadores, mostrando bem a diversidade do trabalho que a equipa do Trindade vem fazendo, propondo dois filmes de cada um destes cineastas, oriundos de vários pontos do globo e com experiência variada, desde novos autores aos mais consagrados.
São eles a italiana Emma Dante (Misericórdia e As Irmãs Macaluso), a argentina Jazmín López, que estará presente para apresentar “Leones” e “Si Yo Fuera el Invierno Mismo”), a tunisina Kaouther Ben Hania, de que serão apresentados “O Challat de Tunis” e, em ante-estreia “Quatro Filhas”, nomeado para o Óscar deste ano de melhor documentário, o brasileiro Luiz Fernando Carvalho, de que passarão “Lavoura Arcaica” e “A Paixão Segundo G.H.”, com a presença do realizador, da atriz Maria Fernanda Cândido e da argumentista Melina Delboni, o francês Quentin Dupieux, prolífero e sempre original, de que verão em primeira mão os dois últimos filmes, “Daaaaaali” e “Yannick”, o veterano e celebrado espanhol Victor Erice (O Sul e O Espírito da Colmeia) e o canadiano Xavier Dolan (J’ai Tué Ma Mère e Os Amores Imaginários”.
Há ainda o programa Expectativa 24, com cinco filmes em estreia nacional: “A Batalha da Rua Maria Antonia”, de Vera Egito, “Mátria”, de Álvaro Gago, “A Fera na Selva”, de Patric Chiha, “Eureka”, do argentino Lisandro Alonso, em coprodução com Portugal e “Joyland”, de Saim Sadiq, surpreendente filme queer paquistanês.
Por estes dias vão poder ser vistos ainda alguns filmes que passaram pelas salas do cinema, no programa Trindade Classics: “Holy Motors”, de Leos Carax (já hoje à noite), “O Castelo da Pureza”, de Arturi Ripstein, “São Paulo Sociedade Anónima”, de Luiz Sérgio Person e “Underground: Era uma vez um país”, de Emir Kusturica.
Incluindo também a antestreia do muito aguardado regresso de Sofia Coppola, com “Priscilla”, as festividades terminam no dia 16, com a apresentação da versão integral de um dos filmes mais aplaudidos do mestre portuense Manoel de Oliveira, “ale Abraão”.
O cinema Made in Porto é aliás outro dos momentos em destaque deste programa, onde serão exibidos dois filmes que agora chegam as salas, “O Pior Homem de Londres”, de Rodrigo Areias, e “Baan – Casa”, de Leonor Teles, as antestreias de “Dulcineia”, de Artur Serra Araújo, “O Vento Assobiando nas Gruas”, de Jeanne Waltz e “Ubu”, de Paulo Abreu, sempre com a presença dos realizadores, bem como de “Bom Povo Português”, de Rui Simões. Uma fantástica mostra de cinema a não perder, para cimentar o gosto de ir ao cinema e ver um filme na sala escura.