Cascais vai receber pela primeira vez um concurso internacional de canto lírico com características inéditas. Entre os elementos do júri estarão os diretores de 'casting' da Ópera de Viena e da Ópera da Baviera. Podem concorrer jovens, entre os 18 e os 32 anos, apenas com formação na área, até 31 de dezembro.
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A primeira edição do concurso internacional de canto lírico Cascais Ópera, que se realiza em abril do próximo ano, em Cascais, é a primeira competição no nosso país deste género artístico desta dimensão. “É a primeira vez que, em Portugal, se realiza um concurso de ópera com estas caraterísticas únicas, dimensão e ambição a nível da qualidade dos prémios e dos membros de altíssimo nível que integram o júri", explica Alexandra Maurício, diretora do Cascais Ópera.
“A Área Metropolitana de Lisboa tem uma oferta cultural muito interessante, mas do ponto de vista de concursos com esta qualidade não tinha nada ainda. Este concurso pode complementar toda a oferta cultural da Grande Lisboa, mas com um patamar de qualidade elevadíssimo”, destaca ainda.
O prestigiado e mundialmente conhecido barítono Sergei Leiferkus vai presidir a equipa internacional de jurados, que contará, entre outros, com os diretores de 'casting' da Ópera de Viena e da Ópera da Baviera, Robert Körner e o violinista norte-americano Erik Malmquist.
“Os concorrentes, ao se apresentarem perante estes elementos do júri, sabem que estão a fazer uma audição para alguém que os pode chamar para a Ópera de Viena ou para a Ópera de Munique. Isto tem um valor muito importante para a sua vida no início da sua carreira profissional”, salienta a diretora do Cascais Ópera, cuja equipa é constituída ainda pelo presidente do júri Sergei Leiferkus e Adriano Jordão, considerado um dos melhores pianistas portugueses com meio século de carreira.
A ideia de criar esta competição surgiu após um encontro entre os três. “Estávamos a conversar e o Sergei sugeriu fazermos qualquer coisa em Portugal ligada à ópera de muitíssima qualidade. Um concurso é algo muito importante na formação, na carreira e no lançamento de qualquer cantor internacionalmente”, conta, adiantando que espera que o concurso “seja conhecido em todo o Mundo”.
Farão ainda parte da equipa de jurados os diretores artísticos do Teatro Nacional de São Carlos, Ivan van Kalmthout, e da Ópera Nacional da Sérvia, Aleksandar Nikolic, e cantoras como a soprano russa Anna Samuil, solista do ensemble da Ópera Estatal de Berlim e professora de canto na Escola Superior de Música Hanns Eisler, também na capital alemã, e a soprano de coloratura ucraniana Maria Stefyuk.
Candidatos de todo o Mundo
O “Cascais Ópera”, que abriu as candidaturas (https://cascaisopera.com/pt/submissao-de-candidatura/) há um mês, recebeu até agora 150 inscrições de 35 países, como Coreia do Sul, Alemanha, Estados Unidos da América, Rússia, China, Itália, Espanha, Portugal, Austrália, Inglaterra, Finlândia, Suíça, Ucrânia, Áustria e Reino Unido.
Em janeiro, será feita a pré-seleção dos candidatos que passam à fase presencial, que serão anunciados na primeira semana de fevereiro. Nos dias 7 e 8 de abril têm lugar as primeiras provas, na Casa das Histórias Paula Rego, no Centro Cultural de Cascais e no Casino do Estoril, em Cascais. Aqui, os melhores cantores serão escolhidos para avançarem para as semifinais, que se realizam nos dias 10 e 11 de abril, no Centro Cultural de Cascais, em sessões abertas ao público. Nos dias 9, 12 e 13 de abril haverá masterclasses abertas a estudantes, cantores e aos participantes do concurso.
Os finalistas irão atuar no Teatro Nacional de São Carlos, um dos teatros mais antigos da Europa, em Lisboa, no dia 14 de abril, onde serão acompanhados pela Orquestra Sinfónica Portuguesa. Aqui, os concorrentes disputarão os prémios Égide, de 10 mil euros, “Teresa Berganza”, de 7500 euros, o primeiro prémio voz masculina, de 7500 euros, o segundo prémio, de 5 mil euros, o terceiro prémio, de 3500 euros, e outros prémios pecuniários e contratos para atuarem em palcos internacionais.
O Teatro Nacional de São Carlos e o Teatro Nacional da Sérvia comprometem-se ainda a contratar o vencedor do primeiro prémio para a sua temporada lírica ou sinfónica e temporada de ópera, respetivamente, confirmou ainda ao JN a organização do concurso.
Homenagem
O Cascais Ópera vai prestar uma homenagem à artista Teresa Berganza, uma mezzo-soprano espanhola considerada uma das maiores de todos os tempos, numa gala denominada "Carmen para Berganza", no casino do Estoril, no dia 11 de abril. O espetáculo vai contar com a presença da Orquestra Sinfónica de Cascais, dirigida pelo maestro Nikolay Lalov, e terá a participação de um coro colaborativo.
“Teremos aqui uma componente social muito interessante. Vamos fazer excertos da ópera Carmen e a parte coral vai ser feita por um coro participativo porque é uma forma de envolvermos outras camadas e níveis da sociedade num projeto da ópera. Temos de trazer a ópera para mais perto de todas as pessoas e acho que este coro também vai contribuir para isso”, acredita Alexandra Maurício.
O concurso é co-organizado pela Associação CIVOC- Concurso Internacional de Canto de Cascais e a Câmara de Cascais e conta com o apoio da Égide - Associação Portuguesa das Artes, Fundação D. Luís I, Fundação la Caixa, Fundação Millennium BCP, Casino Estoril e o Teatro Nacional de São Carlos, parceiro institucional deste concurso.