Na expressão "constar que" o verbo é intransitivo, ou seja, expressa uma ideia sem necessidade de nenhum complemento e nunca poderá ser conjugado como um verbo reflexo, isto é, nunca poderá ser acompanhado de um pronome oblíquo como "se". Por isso, não se pode dizer "consta-se".
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Deverá dizer-se, pois, "consta que", com o significado de "passar por certo". Vejamos o seguinte exemplo: consta que Portugal está a crescer. Neste caso, o sujeito de "consta" é a oração substantiva integrante "que Portugal está a crescer", funcionando como sujeito da oração subordinante e tendo, por isso, o valor de um substantivo masculino singular. Trata-se de um verbo unipessoal, uma vez que, pelo seu sentido, só admite um sujeito na 3.ª pessoa.
O mesmo acontece com "convir que" e "parecer que", em situação sintática semelhante. Têm um sujeito indeterminado ou têm como sujeito uma oração ou um infinitivo. Assim, nestes casos, o verbo "convir" significa "ser conveniente, ser desejável": convém que o casal se entenda.
Com a expressão "parece que", o verbo tem de estar, igualmente, no singular. Significa, nesta situação, "ter a aparência de" e é considerado, de igual modo, intransitivo e unipessoal.
* Professora de Português e formadora para a área da língua portuguesa
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