Várias figuras da RTP, entre as quais Carlos Daniel, saíram em defesa de Daniel Deusdado, demarcando-se da Comissão de Trabalhadores que, num comunicado publicado na semana em que se espera a recondução do atual Conselho de Administração por parte do Conselho Geral Independente, antecipou a saída do atual diretor de programas da RTP.
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Um abaixo-assinado de muitos profissionais da empresa, que dizem que não se sentem representados pela atual Comissão de trabalhadores, está já a circular.
"Não tenho qualquer reação à posição da Comissão de Trabalhadores, nem tenho de ter", garantiu esta quarta-feira, ao JN, Daniel Deusdado, que desde abril de 2015 lidera a direção de Programação da RTP, lamentando a tentativa de "assassinato de caráter".
A reação do responsável pelos programas do primeiro canal da televisão pública surge um dia depois de, em comunicado, a CT ter exigido a sua demissão, acrescentando que no operador "se vive um caos interno", causado por uma "gestão sem controlo, sem rumo e em desespero".
No dia 12, a CT emitiu um comunicado, no qual fala em "conflitos de interesses", que aumentou a tensão entre os trabalhadores da RTP e a sua administração. Em causa está o facto de Nuno Artur Silva, administrador com o pelouro dos conteúdos, e Daniel Deusdado, terem sido, no passado, responsáveis, respetivamente, pelas produtoras Produções Fictícias e Farol de Ideias.
O operador público mantém "há três anos como administrador o proprietário de uma produtora e de um canal concorrente da própria empresa, o Dr. Nuno Artur Silva, dono da empresa Produções Fictícias e do Canal Q.", lê-se no comunicado.
Nuno Artur Silva terá respondido à CT, alegando "que a lei não o 'obriga' a vender as Produções Fictícias desde que a RTP não mantenha com esta produtora quaisquer negócios", algo que, defendem os trabalhadores, não tem acontecido ao longo dos últimos três anos.
Daniel Deusdado também diz também que "é absolutamente claro e verificável que a RTP1 não contratou nenhum conteúdo à empresa Produções Fictícias, desde 2015, altura em que assumi funções de diretor".
Por isso, a CT, que termina o comunicado com um "adeus" ao seu atual diretor de programas, considera que Daniel Deusdado "não tem condições algumas para continuar Diretor de Programas de uma Instituição como a RTP".
Indiferente a esta opinião, o diretor de programação do primeiro canal sublinha, no já citado comunicado de segunda-feira, que "seria de lamentar que os trabalhadores da RTP se deixassem intoxicar por uma amálgama de fragmentos de um comunicado que, no essencial, pretende fomentar assassinatos de carácter".