Banda coreana de rock pesado fez soundcheck à frente do público e teve que encurtar o seu concerto.
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O lamento surgiu no Instagram da banda coreana de avant-rock Jambinai logo cedo pela manhã. É uma foto tirada dentro do avião ainda em Gatwick, Inglaterra, na qual eles escreveram isto debaixo de uma fileira inteira de emojis com caras de choro e desesperação: "Deixem-nos voar para o Porto!".
O problema é o do costume: havia nevoeiro cerrado no Porto e o radar não os deixava levantar. Resultado: a banda e o voo saíram com quase quatro horas de atraso e os cinco Jambinai foram depositados no recinto em cima da hora do seu set, marcado para as 18 horas do palco Seat. O soundcheck foi apressado e decorreu à frente do público que preenchia a plateia pela metade.
A despeito desses imbróglios, e das desculpas que pediram e repetiram, o concerto acabou por ser ótimo, talvez beneficiando até desse tremor emocional. O que é Jambinai? Um quinteto pós-hardcore gutural, de som bruto, tempestuoso, guinado por uma bateria marcial, guitarra cascada e dois instrumentos estranhos de grande poder sensorial. Um é o piri, que é uma flauta de bambu do folk coreano tradicional e que eles fusionam com feedback e fragor; e o outro é o geomungo, uma coisa da família das citaras que é posta como um contrabaixo de cordas grossas e que eles tocam deitado e com um pau a dedilhar.
Com os cinco Jambinai sentados e ensimesmados, o seu som global é um jorro ciclónico altíssimo com vozes de fantasmas gregoriais que parecem embater numa parede onde se colam camadas sucessivas de feedback. É como assistir a uma missa cavernosa de uma nova urbanidade tribal. É esfuziante e teve momentos sublimes, com crescendos e crepúsculos a despontar no meio das ruínas da sua grande escalavração. Eles prometeram voltar - e dessa vez sem atrasos e arrepios brumais.
O Parque sorri outra vez
Hoje, sexta-feira, segundo dia do 8.º Nos Primavera sound, o cenário mudou todo - e para melhor. Voltaram as flores na cabeça do público, reflui o sol, há pessoas espraiadas pelas encostas dos palcos, deitadas ou sentadas na relva, deleitadas a bebericar, passeia-se em promenade, aos pares a namorar, e o Nos Primavera Sound, que anteontem arrancou no Parque da Cidade do Porto com chuva e cara carrancuda, já parece outra vez um festival. No arranque do segundo dia, sem borrasca no horizonte, o alívio é um sentimento em crescendo a unanimar.
A grande expectativa da 2.ª noite é J. Balvin, o rei do reggaeton colombiano, aposta arriscada do festival indie, é o Joker deste festival.
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