
Decisão de manter Israel na competição criou contestação
Foto: Fabrice Coffrini / AFP
A União Europeia de Radiodifusão (UER) confirmou, esta segunda-feira, que 35 países vão competir no 70.º Festival Eurovisão da Canção, após algumas desistências, devido à participação de Israel no concurso, e regressos à competição.
"Trinta e cinco estações irão enviar canções e artistas para o concurso de 2026 do Festival Eurovisão da Canção, que irá acontecer entre 12 e 16 de maio, em Viena, na Áustria", revelou a União Europeia de Radiodifusão.
Depois de ter sido decidido na assembleia-geral da União que Israel poderia integrar o Festival de 2026, cinco países já anunciaram que se recusam a participar: Espanha, Irlanda, Países Baixos, Eslovénia e Islândia.
Os boicotes devem-se aos ataques militares de Israel no território palestiniano da Faixa de Gaza, nos dois últimos anos, que mataram pelo menos 67 mil pessoas e foram classificados como genocídio por uma comissão internacional independente de investigação da Organização das Nações Unidas.
No comunicado, a UER não refere os boicotes, mas destaca o regresso ao concurso da Bulgária, da Roménia e da Moldávia, ao fim de três, dois e um ano de ausência, respetivamente.
Assim, em competição no 70.° Festival Eurovisão da Canção estarão temas da Albânia, Arménia, Austrália, Áustria, Azerbaijão, Bélgica, Bulgária, Croácia, Chipre, República Checa, Dinamarca, Estónia, Finlândia, França, Geórgia, Alemanha, Grécia, Israel, Itália, Letónia, Lituânia, Luxemburgo, Malta, Moldávia, Montenegro, Roménia, Noruega, Polónia, Portugal, São Marino, Sérvia, Suécia, Suíça, Ucrânia e Reino Unido.
A 70.ª edição da Eurovisão volta a ter duas semifinais, marcadas para 12 e 14 de maio, nas quais competem 15 canções em cada uma.
Boicote em Portugal
O representante de Portugal no concurso é escolhido no Festival da Canção, organizado pela RTP, que em 2026 irá decorrer em fevereiro e março, repartido, como habitualmente, em duas semifinais (em 21 e 28 de fevereiro) e final (em 7 de março).
Em novembro, a RTP anunciou os 16 artistas e bandas que irão compor temas para o concurso. Mas no dia 10 de dezembro, a maioria anunciou a recusa em representar Portugal na Eurovisão, caso vença o Festival da Canção, em protesto contra a participação de Israel no concurso.
"Com palavras e com canções, agimos dentro da possibilidade que nos é dada. Não compactuamos com a violação dos Direitos Humanos", afirmam os artistas e bandas, entre os quais Cristina Branco, Bateu Matou, Rita Dias e Djodje.
Quando a RTP anunciou que Portugal participaria no 70.º Festival Eurovisão da Canção, estruturas representativas de trabalhadores da estação pública também contestaram a decisão, considerando que deveria ser revista.
Também o músico Salvador Sobral - que deu a Portugal a única vitória no Festival Eurovisão da Canção, em 2017, com "Amar pelos dois", tema composto por Luísa Sobral - criticou a decisão da RTP. Para Salvador Sobral trata-se de um exemplo de "cobardia política, (...) coerente com a cobardia institucional, das instituições públicas".
Um outro vencedor do Festival Eurovisão da Canção, o cantor suíço Nemo, que deu a vitória ao seu país em 2024, anunciou na semana passada que irá entregar o troféu, em protesto contra a participação de Israel em 2026. "Não se trata de indivíduos ou artistas. O concurso tem sido utilizado repetidamente para suavizar a imagem de um Estado acusado de atos criminosos, enquanto a UER insistia que a Eurovisão "não é política"", defendeu o artista numa publicação partilhada nas redes sociais.
