Uma dezena de espaços de Braga vão receber, entre 15 e 24 de novembro, a segunda edição do festival literário Utopia, que terá mais de 100 convidados, como Paula Hawkins ou Ricardo Araújo Pereira, mas já não contará com o escritor francês Jean-Marie Gustave Le Clézio, vencedor do Nobel da Literatura em 2008.
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A presença de Le Clézio em Braga tinha sido anunciada pela organização há cerca de um mês e era um dos maiores destaques do evento, mas foi agora adiada para data ainda a anunciar por motivos de saúde do escritor, de 84 anos, que está a recuperar depois de ter sofrido uma queda.
“Temos estado em contacto direto com o objetivo de termos uma sessão extraordinária, que será muito provavelmente já em 2025 e funcionará como uma espécie de complemento desta edição”, explicou o diretor-geral da The Book Company, Paulo Ferreira, esta segunda-feira, na apresentação do festival.
Paulo Ferreira explicou que, à semelhança da primeira edição, realizada no ano passado, haverá uma “programação diversificada” que inclui workshops, gravação de podcasts, masterclasses, entrevistas a autores, instalações artísticas, concertos, passeios literários e lançamentos de livros para “celebrar as múltiplas facetas da literatura”. “O livro está sempre no centro”, assegurou.
Um dos nomes anunciados esta segunda-feira foi o de Ricardo Araújo Pereira, que repete a presença do ano passado, agora para se juntar ao norte-americano Jeremy Dauber, especialista em estudos judaicos, para a sessão “Os Judeus e a Comédia: uma conversa entre o seu autor e um indivíduo chamado Ricardo Araújo Pereira”, que acontecerá a 23 de novembro, às 14.30 horas, no auditório do Espaço Vita, com entrada gratuita.
Esta edição do Utopia contará igualmente com entrevistas de vida com Paula Hawkins, Gonçalo M. Tavares e Rodrigo Guedes de Carvalho, a que se juntam conversas com Aline Bei, Capicua ou José Luís Peixoto, estando ainda confirmados os nomes de João Tordo, Madalena Sá Fernandes, Maria Francisca Gama, Valter Hugo Mãe, Carlos Tê ou Martim Sousa Tavares.
Dois ciclos temáticos
A partir do mote “Toda a literatura é uma Utopia”, o festival fica marcado por dois ciclos temáticos, Utopia Europa (dias 22 e 23) e Utopia Negra (dias 23 e 24), que servem de eixo orientador para várias atividades da programação. A primeira pretende debater a Europa do ponto de vista cultural e integrará, por exemplo, uma sessão com os eurodeputados Francisco Assis, Sebastião Bugalho e João Cotrim de Figueiredo e um painel com os vencedores do European Union Prize for Literature: Haska Shyyan, Beqa Adamashvili e Amine Al Ghozzi.
Outro dos momentos em destaque neste ciclo será a presença de Paul Caruana Galizia, autor do livro “A Death in Malta” e filho de Daphne Caruana Galizia, jornalista maltesa assassinada no seguimento de trabalhos de investigação sobre corrupção. O jovem escritor junta-se ao ministro dos Negócios Estrangeiros, Paulo Rangel, para debater o tema “A Europa como utopia é possível?”, no dia 23 de novembro, às 15.30 horas, na capela do Espaço Vita.
Já o ciclo Utopia Negra convida a descobrir a literatura policial e o thriller, mas vai também abrir portas a uma proposta inovadora, com o curso “Direito e Literatura”, que acontecerá em parceria com a Universidade do Minho em três sessões, as duas primeiras a 16 e 18 de novembro com Álvaro Laborinho Lúcio e Isabel Pires de Lima e a última, a 23, com Pedro Mexia como convidado.
300 mil euros para “dar mundo” a Braga
Segundo o diretor-geral da The Book Company, Paulo Ferreira, o Utopia conta com um investimento global “entre os 300 e os 320 mil euros”, com o envolvimento de cerca de 40 parceiros e patrocinadores, desde logo a Câmara Municipal de Braga, que destina 130 mil euros para a realização do evento.
Já o presidente da autarquia, Ricardo Rio, disse que esta é uma “grande iniciativa” que pretende “dar mundo” a Braga. “O festival Utopia é um evento que podia ter lugar em qualquer outra grande metrópole, de qualquer grande país, que aposte de forma veemente na dinâmica cultural como nós fazemos”, frisou.
Ao longo dos 10 dias, as atividades acontecerão diversos espaços da cidade de Braga, como o Espaço Vita, o Theatro Circo, a Biblioteca Lúcio Craveiro da Silva ou a Galeria do Paço, estendendo-se igualmente à FNAC de Braga e à sede da Associação Empresarial de Braga.
A participação no festival é gratuita, mas está sujeita a inscrição prévia em algumas iniciativas. No ano passado, segundo a organização, terão passado pelo evento cerca de 15 mil pessoas.