Mulher-banda inglesa trouxe synth pop e um sapo Cocas e tocou "Running up that hill", clássico pop de Kate Bush de 1985.
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Há ali alguém a magoar alguém. "Há um trovão nos nossos corações, sou tu e eu, e isto não vai correr bem. Mas se eu pudesse, eu faria com que deus nos trocasse de lugar, eu estou a correr, eu estou a subir a colina".
Georgia, britânica de 33 anos que faz synth pop, canta as palavras de 1985 de Kate Bush sobre a possibilidade de se fazer um acordo com deus para aliviar as dores do amor. É a canção que a série de ficção científica "Stranger things" celebrizou para a geração Z.
Foi a canção mais festejada do seu set de 45 minutos - e que desamarrou a dança na encosta, que esteve maioritariamente sentada, pulos só nos da frente -, abrindo o Palco Vodafone no primeiro dia do Primavera Sound Porto, que começou esta quarta-feira e só fecha sábado à noite quando por aqui tiverem passado 76 artistas e mais de mil canções.
Com cerca de 10 mil pessoas já cá dentro a esta hora - o diretor José Barreiro disse ao JN que espera 42 mil espectadores no dia inaugural, sublinhando que ainda há bilhetes para os quatro dias -, Georgia Barnes foi um petisco pop. Ela é uma mulher-banda, saia certinha, rapioqueira, sozinha em palco, toca bateria, teclas e canta e foi entusiástica. Tocou os "hits" de batida sintética e teclas sulfurosas: "Its euphoric", "Never let you go" e "About work the dancefloor". Ainda dedicou uma balada triste ao piano, "So what", a uma amiga que morreu a semana passada".
Despediu-se a agitar a sua mascote no ar: um sapo cocas de pelúcia verde que trouxe de casa e a acompanhou sempre em palco, ora sentado ao piano, ora de perninhas verdes cruzadas sobre a bateria, ou só parado a ver-nos a vê-lo e foi com ele na mão, os olhos orbitais a sacolejar, cara à banda, ela feliz e ruborizada, que se despediu de nós. "Vocês são tão bonitos. Cheers!".
O resto do primeiro dia do Primavera Porto ainda espera pelas estrelas da noite: Baby Keem (22 horas, Palco Porto) e Kendrick Lamar (0.20 horas), os primos rappers dos EUA - Kendrick é evidentemente muito maior do que Keem, este tem 23 anos, ele tem 35 anos, 17 Grammys e um Pullitzer, sendo o único rapper a ganhar o galardão desde 1943.