Produção franco-belga dirigido por uma dupla de jovens cineastas chega esta quinta-feira às salas nacionais, com Adèle Exarchoupoulos no papel principal.
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Com precisamente três anos de atraso m relação à sua passagem pelo Festival de Cannes de 2921, que nesse ano se realizou excecionalmente em julho, chega-nos agora, e em boa hora, “Geração Low-Cost”, uma coprodução entre a Bélgica e a França, assinalando a estreia de Julie Lecoustre, que “pensou e fabricou” o filme com Emmanuel Marre, contando como protagonista com a revelação da antiga Palma de Ouro “A Vida de Adèle”, precisamente Adèle Exarchoupoulos.
O título orignal, “Rien à Foutre”, é uma típica expressão francófona, que se poderia traduzir por qualquer coisa como “nada com que se preocupar”, ou mais popularmente como “estar-se nas tintas”. Numa leitura acertada por pparte do distribuidor nacional do filme, “Geração Low-Cost” começa por fazer a ponte com a profissão da personagem central, assistente de bordo de uma companhia aérea low-cost.
Nessa primeira parte do filme, percebemos como apanhar um avião hoje em dia não só não tem nada de excecional, como nos coloca, se tivermos de optar por uma dessas companhias, nas mãos de um sistema que na realidade “se está nas tintas” para o indivíduo, preocupado apenas com o lucro imediato e sem nenhum daqueles valores humanos que muitos de nós insistem teimosamente e cada vez mais isolados em defender.
Mas Cassandre, na sua forma precária de trabalhar e viver a vida, tem um trauma para resolver, e são os laços familiares que a poderão salvar, num filme que não se quer moralista nem de final feliz, mas que nos confronta com problemas e situações que todos já vivemos.
“Geração Low-Cost” mostra também, se tal ainda fosse possível, que há cinema belga para lá dos irmãos Dardenne. Apesar do lado “social” do filme e da sua câmara sempre ou quase sempre em cima das personagens. Mas não é estilo, é também uma forma low-cost de fazer cinema, de o pensar e fabricar, como dizem os realizadores no genérico final. Não são precisos afinal nem grandes efeitos nem grandes orçamentos para que um filme nos cative.