Na 32ª edição do Guimarães Jazz, que se inicia esta quinta-feira, Elliot Sharp personifica a vertente agitadora, mas há nomes canónicos como Buster Williams e duas big bands, uma a abrir, outra a fechar.
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Arranca esta quinta-feira, às 21.30, no Centro Cultural Vila Flor, o 32º Guimarães Jazz, o festival prolonga-se até dia 18, ramificando-se para o CIAJG e para o bar do Convívio. O concerto inaugural está a cargo da Vanguard Jazz Orchestra, sob a direção de Dick Oatts, celebrando o centenário de Thad Jones, seu membro fundador. O diretor artístico, Ivo Martins, fala de uma edição “mais exigente”, mantendo a diversidade que constitui uma marca distintiva.
A edição de 2023 reúne nomes como Buster Williams, Kathrine Windfeld Big Band (encerramento, dia 18), Gilad Hekselman e Immanuel Wilkins, Aaron Parks, Michael Formanek, Maya Homburger, Agustí Fernández e Barry Guy, Elliott Sharp, Jacob Sacks, Chet Doxas, Vinnie Sperrazza, Zack Lober e Suzan Veneman, Pedro Molina e José Soares. Ivo Martins afirma que a qualidade dos nomes que o festival atrai ultrapassa aquilo que a sua capacidade financeira faria esperar e diz que isso se deve à imagem que o evento criou, ao longo de mais de trinta anos, junto da comunidade. “Os músicos reconhecem a qualidade do que aqui se faz e a maneira como são recebidos na cidade, por isso querem vir”, destaca.
As parcerias com agentes locais e a vertente formativa são dimensões importantes do Guimarães Jazz. Este ano, a Orquestra de Guimarães acompanhará o quarteto do baterista e compositor Mário Costa (dia 16). O Pedro Molina Quartet apresenta, no dia 11, o arranjo original das composições “Will I Die, Will I Die?”, de Avishai Cohen, e “Nefertiti”, de Wayne Shorter, combinadas num tema único intitulado “Will I Die, Nefertiti?”, com que conquistou o júri do concurso do Centro de Estudos de Jazz da Universidade de Aveiro. A colaboração com o Projeto Porta Jazz traz um ensemble liderado pelo saxofonista José Soares, a que se junta o artista visual argentino, Varvara Tazelaar.
Intercâmbio entre jovens e consagrados
Rui Torrinha, diretor de artístico e de artes performativas da Oficina, sublinha o facto de este ser um festival que estimula a produção, não se limitando a contratar o produto acabado. A residência cooperativa entre os alunos da ESMAE e músicos reconhecidos foi assumida pelo ensemble Landline Plus One e o resultado pode ser apreciado no dia 12.
A colaboração com o coletivo Sonoscopia traz a Guimarães, Elliot Sharp (dia 18). O músico avant-garde norte-americano personifica a vertente “provocatória e subversiva” que Ivo Martins reconhece que a organização sempre quis imprimir ao festival. Se só tivesse tempo para ver dois concertos do Guimarães Jazz, o diretor artístico diz que “ainda assim assistiria a todos”, mas acaba por concordar em distinguir dois. A primeira escolha recai sobre o septeto New Digs, liderado pelo contrabaixista, compositor e pedagogo Michael Formanek (dia 11, 21.30). “Esta formação foi criada especificamente para o Guimarães Jazz e isso é uma honra que engrandece o festival”, sublinha. O outro momento imperdível é protagonizado pelo trio Barry Guy, contrabaixo, Maya Homburger, violino e Agustí Fernández, piano (dia 11, 18.00), numa confluência harmoniosa de estilos que passa serenamente da improvisação jazzística ao registo clássico de composições de J.S. Bach.
Os bilhetes para o Guimarães Jazz 2023 começam nos 15 euros por concerto, mas há descontos que podem chegar aos 40% para quem adquirir o passe para quatro espetáculos. O livre trânsito custa 90 euros.
Jam Sessions pela noite dentro
Como já é habitual, há música de improviso, em ambiente intimista, para ouvir depois das apresentações nos palcos principais do festival. Da meia-noite às 2.00, as jam sessions acontecem no bar do Convívio (de dia 9 a 11) e no Café-Concerto do CCVF (entre dia 16 e 18) e estão a cargo ensemble Landline Plus One (Jacob Sacks, piano, Chet Doxas, saxofone, Zack Lober, contrabaixo, Vinnie Sperrazza, baterista e Suzan Veneman, trompete).