Festival arranca na quinta-feira com o concerto de Dianne Reeves. Linda May Oh no lugar de Archie Shepp.
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Na sua 31.ª edição, que se inicia já na quinta e se prolonga até dia 19, o Guimarães Jazz assegura um número recorde de músicos portugueses, representando metade do total. A homenagem aos vocalistas - um dos destaques deste ano - começa logo no primeiro concerto, com a lendária Dianne Reeves.
"O que inicialmente parecia impossível, afinal aconteceu" e Dianne Reeves vai abrir o festival no Grande Auditório do Centro Cultural Vila Flor. "Há muito jazz cantado nesta edição, o que é raro. Sempre fomos muito céticos em relação a vozes. Não é qualquer cantor que nos convence. Às vezes, andam na fronteira entre a música de casino e o jazz, e esses cantores não nos agradam muito", confessou Ivo Martins, programador do festival, que adiantou ainda que a Big Band da Escola Superior de Música e Artes do Espetáculo (ESMAE) também terá cantores em vários temas e o projeto Porta Jazz (dia 13) inclui cantores.
Para o segundo dia do festival estava prometido o saxofonista Archie Shepp que, por motivos de saúde, não poderá estar presente. No seu lugar entra Linda May Han Oh. A contrabaixista vem pela terceira vez a Guimarães, onde já atuou em 2012 e em 2021. Desta vez, Linda surge como líder de um quarteto, em que se junta a três músicos de prestigio: o saxofonista Greg Ward, o guitarrista Matthew Stevens e o baterista Jeff Ballard.
Ivo Martins assume-se orgulhoso quando verifica que muitos consagrados regressam a Guimarães "onde já tocaram nas "jam" ou com a Banda da ESMAE". Ainda assim, o cartaz mais português de sempre "não foi montado de propósito, aconteceu", confessa.
No sábado, o concerto de Hamid Drake faz um cruzamento de expressões artísticas. Dança, spoken words, trompete contrabaixo, aparatos eletrónicos, vibrafone e, claro, bateria e percussão, mesclam-se nesta homenagem à música de Alice Coltrane.
Este ano, a Big Band da ESMAE será dirigida por Victor Garcia, nome proeminente da cena de Chicago, que volta no último dia, dessa vez em quinteto (teclas, contrabaixo, bateria e a vocalista Jill Katona). A presença de músicos de Chicago é já uma marca deste festival.
A colaboração entre o Guimarães Jazz e o Projeto Sonoscopia tem como objetivo mostrar ao público propostas musicais tangenciais ao jazz. Em 2022, a proposta é o duo constituído pelo australiano Will Guthrie e o português David Maranha, com um emaranhado de drone music, psicadelismo, krautrock e jazz. O saxofonista David Murray - presente na edição de 2014, com o Infinity Quartet -, regressa (dia 18) em octeto (saxofone alto, trompete, trombone, guitarra, contrabaixo, piano e bateria).
O festival vimaranense tem cultivado uma ligação com o território e uma das expressões desse laço é a colaboração com a Orquestra de Guimarães. O agrupamento toca, dia 17, uma reinterpretação do álbum "Ibéria", do compositor e guitarrista Manuel de Oliveira, sob a direção musical de Carlos Garcia.
Depois dos concertos, no Café Concerto do Vila Flor e no Bar do Convívio, entre a meia-noite e as duas da manhã, há "jam sessions", com a informalidade que permite dar dois dedos de conversa ou beber um fino com os músicos.
Para todas as bolsas
Os bilhetes, sem desconto, variam de 10 a 15 euros, baixando para 7,50 e 10 euros para estudantes e público sénior. Há três assinaturas: 90 euros, para todo o festival, 45 euros para quatro concertos e 35 euros para três concertos. A entrada nas "jam" é gratuita para quem tiver bilhete do concerto no Grande Auditório e custa três euros para os outros.
Oficinas e "jam"
Acompanhado pelo pianista Ben Lewis, o baterista Greg Artry, o contrabaixista Josh Ramos e a vocalista Jill Katona, o músico norte-americano Victor Garcia vai protagonizar as três atividades paralelas previstas no programa deste ano, além de assegurar dois concertos do cartaz. A partir de hoje e até ao próximo dia 19, o agrupamento do proeminente trompetista e compositor da cena jazzística de Chicago vai dinamizar várias oficinas e "jam sessions".